Federação Portuguesa de Judo justifica dívida com herança financeira "catastrófica" e "instabilidade política"
A federação internacional suspendeu o judo português devido a uma dívida que ascende os 800 mil euros. Na nota da comissão disciplinar, à qual a TSF teve acesso, o organismo português admite que não tem como liquidar este valor "a curto prazo"
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A Federação Portuguesa de Judo (FPJ) culpa a gestão do último presidente Jorge Fernandes e a "instabilidade política" pela dívida atual de 800 mil euros ao organismo internacional da modalidade.
Na nota da comissão disciplinar da FPJ, à qual a TSF teve acesso, a Federação Internacional de Judo confirma que recebeu a tempo e horas uma justificação do organismo português, onde Joaquim Sérgio Pina, o atual presidente, explica que, além da instabilidade política no país, herdou uma situação financeira que considera “catastrófica”, com dívidas que apelidou “astronómicas”.
"A FPJ tem estado numa situação crítica desde que o antigo presidente foi expulso do seu cargo. Após este episódio, os membros da FPJ aperceberam-se de uma completa catástrofe financeira que fizeram com que esta instituição fosse ao fundo do poço nessa área. Quando assumi as funções de presidente comecei a perceber que a dívida da FPJ era astronómica. Algo que ninguém, exceto o anterior presidente, sabia", lê-se na nota.
Estavam, então, por pagar 800 mil euros, aos quais se somam os respetivos juros da dívida à federação internacional, por causa da organização de vários campeonatos, entre 2023 e 2024. A Federação Internacional de Judo não especifica, contudo, o valor total dos juros, mas garante que esse dinheiro nunca foi pago. Nem sequer os 50 mil euros que a federação portuguesa garante ter enviado “de boa fé”, depois de ter sido notificada para pagar tudo o que devia.
A FPJ sublinha ainda que depende do financiamento anual estatal de 1,2 milhões de euros, mas este valor reverte na totalidade para pagar despesas atuais. Admite, por isso, que sem apoio financeiro, não tem forma de saldar a dívida "a curto prazo".
"As várias reuniões mantidas até à data com o Governo dão-nos esperança de que possamos chegar a um entendimento que nos permita apresentar uma proposta concreta ao FIJ para saldar a dívida num prazo a acordar, mas que nunca poderá ser a curto prazo", afirma o organismo, que denuncia também as "semanas de instabilidade particular" com as eleições antecipadas realizadas a 18 de maio.
O judo português foi suspenso durante um ano pela FIJ, o que terá já implicações no próximo Campeonato do Mundo, já que os atletas poderão participar, mas sem estarem acompanhados pela bandeira portuguesa. O castigo pode ser levantado, caso o valor da dívida seja, entretanto, pago na totalidade.
Estão apurados para os Mundiais, que decorrerão entre 13 e 18 de junho em Budapeste, os judocas lusos Catarina Costa, Taís Pina, Patrícia Sampaio, Miguel Gago, Otari Kvantidze e Jorge Fonseca.
A TSF já contactou o gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que tutela o Desporto. Também não há qualquer resposta do gabinete do secretário de Estado Pedro Dias.
