"Soma de boas vontades." Eurodeputados do PSD usaram geringonça para convencer PPE a votar em Costa
No Fórum TSF, Sebastião Bugalho revelou os argumentos apresentados pelos eurodeputados do PSD ao PPE para que Costa fosse eleito presidente do Conselho Europeu
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O eurodeputado eleito pela AD Sebastião Bugalho sublinhou, esta sexta-feira, as capacidades de António Costa como "construtor de pontes" para a presidência do Conselho Europeu. No Fórum TSF, Bugalho revelou os argumentos que os eurodeputados do PSD usaram para convencer o PPE a votar a favor do ex-primeiro-ministro.
"Ele perdeu as eleições e a seguir foi para o Governo. Aliou-se a dois partidos que passaram anos a criticar o euro e a União Europeia. Eles acabaram a viabilizar quatro orçamentos com metas de Bruxelas. E os meus colegas do PPE ficaram a olhar para mim: 'então é mesmo a mesma pessoa certa para ser presidente do Conselho Europeu.' Há uma sensação quase de adaptação natural de António Costa para este cargo. Eu, aliás, tenho alguma esperança que ele seja muito melhor Presidente do Conselho Europeu do que primeiro-ministro e acho que rapidamente nos aperceberemos disso", afirmou Sebastião Bugalho.
Bugalho referiu ainda que está à espera da moeda de troca, depois do PPE ter aprovado António Costa. Agora, é preciso que os socialistas aprovem Ursula von der Leyen.
"No fundo, aquilo que aqui se conseguiu foi uma soma de boas vontades. O chanceler alemão atual, o senhor Scholz, que é socialista, já declarou apoio a Ursula von der Leyen. Aquilo que espero é que os socialistas portugueses, que, infelizmente, durante a campanha eleitoral, tiveram um posicionamento, no meu entender, injusto e excessivamente crítico da senhora Von der Leyen, agora venham assumir e cumprir a sua parte do acordo", considerou, lembrando que "o Governo de Portugal apoiou a candidatura de António Costa ao cargo de Presidente do Conselho Europeu".
Por isso, Sebastião Bugalho espera agora que "os eurodeputados socialistas portugueses cumpram a sua parte do acordo como os outros eurodeputados socialistas já disseram que vão cumprir e votem a favor de Ursula von der Leyen". "Seria estranho que não o fizessem", disse.
O socialista António Costa foi eleito, na quinta-feira, presidente do Conselho Europeu pelos chefes de Estado e de Governo da UE para um mandato de dois anos e meio a partir de 01 dezembro de 2024.
A decisão foi tomada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente do executivo comunitário, que depende de uma aprovação final do Parlamento Europeu, e nomearam Kaja Kallas para chefe da diplomacia europeia, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.
Após a demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português foi escolhido para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes Estado e de Governo do bloco comunitário, numa nomeação feita por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população europeia total).
António Costa é o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.
