"Figura incontornável na história da música": tinha "ideias fixas", mas era "fácil trabalhar" com Marco Paulo
Várias personalidades, de Francisco Carvalho a Ramón Galarza, destacam, na TSF, o carinho dos portugueses pelo cantor, que tinha uma carreira "de imenso sucesso"
Corpo do artigo
O cantor Marco Paulo morreu esta quinta-feira, aos 79 anos, após ter sido diagnosticado recentemente com dois cancros, um no pulmão e outro no fígado. Aqueles com quem trabalhou de perto, lembram uma "figura incontornável" na "história da música e Portugal", com "ideias fixas" e uma "carreira bastante longa".
Na manhã da TSF, Francisco Carvalho, da editora Espacial, responsável pelo lançamento de vários álbuns do artista, recorda o carinho dos portugueses pelo cantor, graças à proximidade que tinha com o público.
"Hoje é um dia muito triste para a música portuguesa. O Marco Paulo vai ficar para sempre no coração dos portugueses, porque era uma das referências da música portuguesa, como a Amália Rodrigues", aponta.
Francisco Carvalho, que considera que o cantor "era um ícone da música portuguesa", sublinha que foi desde cedo que a carreira de Marco Paulo começou a ter "sucesso", lamentando, por isso, a perda de uma "referência para os jovens cantores que começaram as suas carreiras".
Recorda igualmente como "era fácil trabalhar" com o cantor, ainda que fosse de "ideias fixas". O segredo era a capacidade que Marco Paulo tinha para "ouvir a opinião" de amigos, músicos e produtores.
"Envolvia-se muito no trabalho", destaca.
Já o músico português Ramón Galarza descreve, à TSF, uma "figura incontornável" da música portuguesa, com "imenso sucesso" e com quem trabalhou "em muitos discos".
"É com muita dor que sinto o desaparecimento de alguém tão reconhecidamente especial. Com certeza que vai deixar uma marca na história da música em Portugal, visto que foi um cantor com muitos sucessos e canções que toda a gente conhece", afirma, completando que Marco Paulo teve uma "carreira bastante longa".
"Teve uma carreira bastante longa, sempre com muita entrega, e vai deixar marcas que muito dificilmente desaparecerão da nossa memória", conclui.
O artista é intérprete de vários êxitos como "Maravilhoso Coração", "Eu Tenho Dois Amores", "Ninguém, Ninguém", "Na Hora do Adeus", "Mulher de 40", "Chiquitita" e "Casa Amarela".
Marco Paulo, nome artístico de João Simão da Silva, nasceu a 21 de janeiro de 1945, em Mourão, no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960.
As reações no mundo da política
O Presidente da República começa por recordar a batalha do artista contra a doença: "Foi vencendo, vencendo, vencendo, no final do século passado e no começo deste século, até que a doença pôde mais do que ele."
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa assegura que Marco Paulo "está na memória de muitos portugueses e portuguesas" e é com "pesar" que recebe a notícia de um "amigo".
"É com pesar que recebo a notícia - embora já quase esperava - do seu falecimento e apresento à família, aos amigos e admiradores, os meus pêsames", afirma.
Numa nota de pesar divulgada no site da Presidência da República, é ainda referido que Marcelo Rebelo de Sousa nota que o artista esteve "presente na vida musical portuguesa longas décadas".
No entender do primeiro-ministro, que aproveitou as redes sociais para prestar uma "sentida homenagem" ao cantor, Marco Paulo é "grande referência da cultura portuguesa", que deixa um "legado musical marcante, que atravessa gerações e une Portugal".
"Presto sentida homenagem a Marco Paulo, grande referência da cultura portuguesa que hoje partiu. Deixa um legado musical marcante, que atravessa gerações e une Portugal. Condolências pessoais e do Governo à família e amigos", escreveu Luís Montenegro na rede social X.
O secretário-geral do PS lamentou igualmente a morte de Marco Paulo, uma das "personalidades mais acarinhadas" do país, considerando que foi uma "figura essencial da música popular portuguesa".
"O país despede-se hoje [quinta-feira] de uma das suas personalidades mais acarinhadas. Ao longo dos anos, Marco Paulo foi uma figura essencial da música popular portuguesa", lê-se numa publicação de Pedro Nuno Santos nas redes sociais.
Já o presidente da Câmara de Mourão anunciou um dia de luto municipal para esta sexta-feira. João Fortes manifesta "estupefação" pela "triste notícia" da morte do cantor, natural daquele concelho alentejano.
Segundo o autarca, o dia de luto municipal vai "certamente" ser decretado para esta sexta-feira, com a colocação das bandeiras a meia-haste.
Também a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, lamentou a morte do cantor Marco Paulo e destacou o "contributo ímpar" do artista para o cancioneiro da música portuguesa.
"Imensamente popular, foi um dos artistas portugueses mais acarinhados das últimas décadas, e cujas canções são conhecidas e entoadas por diferentes gerações. Com uma capacidade única de emocionar através da voz e da sua música, o seu contributo no cancioneiro da música portuguesa é ímpar", lê-se numa nota de pesar da ministra.
Dalila Rodrigues acrescentou que Marco Paulo, com a sua "voz inconfundível", "deixa uma obra vasta e eclética na música portuguesa, bem como um vínculo afetivo profundo na memória do público português".