Despediu-se do trabalho e disse que tinha "grandes planos para o futuro". "Tragédia evitada" em concertos de Taylor Swift em Viena
Um dos suspeitos confessou que o objetivo “era matar-se a si próprio e a muitas pessoas”
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A digressão mundial “The Eras Tour”, da artista norte-americana Taylor Swift, continua em viagem pela Europa. Em Viena, na Áustria, a expectativa era grande. A cantora estreava-se no país esta quinta, sexta e sábado: nunca tinha atuado para os fãs austríacos, que esperam há quase 20 anos por um espetáculo da maior estrela pop da atualidade. No entanto, o sonho dos milhares de fãs acabou por não se realizar. Os três concertos de Taylor Swift acabaram por ser cancelados, na quarta-feira, após terem sido detidos dois suspeitos por planearem um ataque terrorista com “foco” nos espetáculos da norte-americana.
Líder do plano tinha "grandes planos para o futuro”
A polícia austríaca deteve, esta quarta-feira, dois suspeitos de terrorismo. Um deles, o líder do plano, de 19 anos, foi detido em Ternitz, a cerca de 65 quilómetros a sudoeste de Viena. O jovem demitiu-se do seu emprego a 25 de julho e disse que "tinha grandes planos para o futuro", declarou aos jornalistas Franz Ruf, diretor-geral da segurança pública.
"Desde então, tem-se concentrado nos preparativos para um ataque terrorista", acrescentou Ruf, referindo que também foram tomadas medidas para mudar a sua aparência física.
O jovem radicalizou-se através da internet, prestou "juramento de lealdade" ao grupo extremista Estado Islâmico em julho e estaria em conluio com outra pessoa, de 17 anos, também "radicalizada na internet".
O segundo suspeito teria sido recentemente contratado para fazer parte da segurança privada do concerto e detido por equipas antiterroristas nas imediações do estádio Ernst Happel. Alegadamente, pretendia facilitar as ações do líder do grupo.
O jornal britânico The Guardian fala ainda numa terceira pessoa, também de 17 anos, que terá sido detida por suspeitas de ligação aos outros dois suspeitos.
Planeavam ataque suicida com “explosivos e armas brancas”
Os suspeitos realizaram preparativos específicos para concretizar um ataque terrorista, conforme indicam os objetos encontrados na casa de Ternitz. "Detetámos preparativos específicos para os concertos de Taylor Swift", frisou, na quarta-feira, Fraz Ruf.
Já esta manhã, o Ministério austríaco do Interior revelou, ainda esta manhã, que foram encontrados produtos químicos em casa de um dos detidos.
O porta-voz dos serviços secretos austríacos, Omar Haijawi-Pirchner, adiantou que estaria a ser planeado um ataque suicida e explicou que um dos suspeitos confessou que o objetivo era "matar-se a ele próprio e a muitas pessoas" com recurso "a explosivos e a armas brancas".
Também foi apreendida uma sirene da polícia, que se suspeita que seria utilizada para chegar ao local do atentado ou para fugir.
"Uma tragédia foi evitada”
O Governo austríaco, através dos ministros da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros, garantiu ter sido "evitada uma tragédia".
"Uma tragédia foi evitada" nos concertos da cantora norte-americana, mas a situação é "grave", afirmou o titular da Administração Interna, Gerhard Karner.
O chefe da diplomacia, Karl Nehammer defendeu na quarta-feira que "a intensa colaboração" entre a polícia e a Direção de Informações e Segurança do Estado, dependente do Ministério do Interior, conseguiu "detetar a tempo" e combater a ameaça.
"A situação em torno do ataque terrorista aparentemente planeado em Viena era muito grave", sublinhou o diplomata, num comunicado divulgado na rede social X (antigo Twitter).
Concertos foram cancelados
Num primeiro momento, as autoridades austríacas garantiram que a segurança iria ser reforçada nas entradas para os concertos. No entanto, os três espetáculos de estreia de Taylor Swift na Áustria acabaram mesmo por ser cancelados.
"Com a confirmação das autoridades de um planeado ataque terrorista no Estádio Ernst Happel, não temos outra opção senão cancelar todos os três concertos para segurança de todos", explicou a promotora, a Barracuda Music, numa mensagem na rede social Instagram, adiantando que o valor dos bilhetes será automaticamente reembolsado.
A cantora ainda não reagiu a toda a situação. Eram esperados cerca de 65 mil fãs em cada um dos três dias de espetáculos, e mais 15 mil a 20 mil pessoas nas proximidades do estádio Ernst-Happel.
Esta é a segunda vez que os concertos de Taylor Swift são cancelados em quase de 20 anos de carreira. A primeira foi em 2014, em Bangkok, devido a um golpe militar. Em 2020, devido à Covid-19, os espetáculos da “Lover Fest” também foram cancelados, mas a tour nunca chegou a começar.
Numa entrevista à revista Elle, há cinco anos, Taylor Swift dizia que "um dos seus maiores medos" era que um dos seus concertos fosse alvo de ataques terroristas. Estas declarações surgiram depois de um atentado terrorista ter matado 22 pessoas num concerto de Ariana Grande, em Manchester, em 2017, e de um tiroteio num espetáculo em Las Vegas, no mesmo ano, ter provocado a morte a quase 60 pessoas.
Na próxima semana, entre 15 e 20 de agosto, será a vez do Wembley Stadium, em Londres, receber os últimos cinco concertos da fase europeia da tournée. Em declarações à rádio LBC, citada pelo The Guardian, Diana Johnson, ministra britânica da Administração Interna, disse que não houve relatos de "nada digno de nota" em relação àqueles concertos e adiantou que a Scotland Yard avaliaria quaisquer potenciais ameaças. “É claro que a polícia analisará todas as informações e tomará decisões, eles [as autoridades] avaliam os riscos de cada evento que acontece neste país”, garantiu.
A tournée de Swift regressa em outubro, em Miami, para mais nove concertos dos Estados Unidos, e termina em Vancouver, no Canadá, a 8 de dezembro. A artista estreou-se em Portugal, no passado mês de maio, com dois concertos no Estádio da Luz, em Lisboa.