"Alternativa imediata à rutura de medicamentos seria produzir mais na Europa”
À TSF, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares sublinhou que “os hospitais continuam a não medir o valor dos medicamentos” e alertou para a falta de recursos humanos
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O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, defendeu, esta sexta-feira, que é preciso mudanças na cadeia de produção de medicamentos para resolver as falhas no acesso aos medicamentos nos hospitais portugueses.
Em declarações à TSF, Xavier Barreto sublinhou que grande parte dos medicamentos são produzidos na China e na Índia e “isso tem consequências em termos de logística”. Como tal, acrescentou, a “alternativa imediata seria produzir mais medicamentos na Europa”, onde há uma “visão diferente da indústria farmacêutica”.
“Mas isto naturalmente demorará tempo e temos de continuar a gerir as ruturas”, numa altura em que só “têm piorado”, alertou ainda.
Xavier Barreto assinalou que “os hospitais continuam a não medir o valor dos medicamentos”, nem “o impacto dos fármacos inovadores no tratamento dos doentes” e, portanto, "há aspetos que não são muito positivos".
"Não temos recursos humanos suficientes. (...) Não temos farmacêuticos em número suficiente, não temos técnicos superiores nos departamentos de compras em número suficiente e isso traduz-se naturalmente numa maior morosidade dos processos de compra”, disse.
Um estudo promovido pela APAH revelou que mais de 90% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde têm falhas no acesso a medicamentos. Em metade dos casos são ruturas diárias.
O estudo sublinha, no entanto, que a falta de medicamentos acaba por não afetar o doente, já que os hospitais têm estratégias para responder ao problema, tais como fazer novos pedidos aos distribuidores ou pedir emprestado a outras instituições de saúde.
O Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar 2024, promovido pela APAH é esta sexta-feira divulgado e foi elaborado com dados recolhidos entre 15 de julho e 30 de setembro nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e teve 69% de taxa de resposta.