António Capucho: "Seria importante para o país que PSD e PS pudessem estabelecer acordo de incidência parlamentar"
Em declarações à TSF, o antigo ministro social-democrata lamenta a subida do partido Chega, que considera “um perigo para a democracia”
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Um acordo de incidência parlamentar, de preferência escrito. Esta é a fórmula defendida por António Capucho para os próximos tempos políticos. Ressalvando que isso vai depender do próximo líder socialista, o antigo governante e ex-líder parlamentar do PSD considera que seria “interessantíssimo e importante para o país e para os interesses nacionais que PSD e o PS pudessem estabelecer um acordo de incidência parlamentar, que garanta condições de governabilidade (...) para toda a legislatura”.
Questionado se essa equação será possível com uma eventual liderança de José Luis Carneiro no Partido Socialista, Capucho diz ter "uma ótima impressão” do antigo ministro do PS, mas não sabe “se ele estará para aí virado”, até porque o grupo parlamentar do PS, embora diminuído, “é constituído por pessoas muito próximas de Pedro Nuno Santos e das posições radicais”. “ Vamos ver como ele reage”, sublinha, adiantando que o considera "uma pessoa moderada”.
Perante a subida do número de deputados do AD e da maioria clara obtida no Parlamento, António Capucho considera que “o Presidente da República vai ter de nomear Luís Montenegro e dizer ao Partido Socialista para dar condições para que haja governabilidade e os socialistas aprovem o programa de Governo e os próximos Orçamentos do Estado". ”Isso também vai depender muito do próximo líder do PS, mas se com Pedro Nuno Santos isso aconteceu, não vejo razões acrescidas [para não o fazer] neste momento, na conjuntura atual, nacional e Internacional”, adianta.
Chega é "perigo para a democracia"
O antigo ministro social-democrata lamenta a subida do partido Chega, que considera “um perigo para a democracia”, criticando alguma comunicação social que “o levou ao colo”. Capucho considera que o discurso de André Ventura, depois de conhecidos os resultados eleitorais, “foi uma coisa de verdadeiramente inacreditável”.
“Ele, em palco no encerramento da campanha, fez a prestação teatral mais ridícula e pirosa que jamais me foi permitido assistir a 50 anos de democracia”, lamenta. Embora não coloque em causa os problemas de saúde do líder do Chega, “não é isso que está em causa”, acentua Capucho, mas “mente descaradamente a propósito das ameaças de morte, arma-se em vítima, tira crucifixos do bolso. Mas o que é isto? E o povo português acha isto bem?”, indigna-se.
A coligação encabeçada por Luís Montenegro é a vencedora da noite de 18 maio. Com quatro mandatos por atribuir, PS e Chega estão empatados, com 58 deputados cada. Bloco de Esquerda fica reduzido a Mariana Mortágua, mas Livre cresce. PAN mantém-se vivo, entra JPP na Assembleia da República.