Observatório Nacional de Bullying recebe mais de 600 queixas em cinco anos, maioria acontece em "contexto escolar"
Em declarações à TSF, Mafalda Ferreira, que integra a equipa do observatório, explica que os bystanders (testemunhas) têm um "papel crucial na dinâmica do bullying": tanto podem "perpetuar este flagelo", como "interromper este comportamento"
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O Observatório Nacional de Bullying recebeu mais de 600 queixas de bullying nos últimos cinco anos, sendo que a maioria foi praticada em "contexto escolar". A informação é avançada por Mafalda Ferreira, no Dia Internacional da Não Violência e da Paz nas Escolas.
Apesar de notar um aumento do número de queixas, a colaboradora aponta que isso não significa necessariamente que existam mais casos de bullying. Antes, explica este fenómeno com o facto de haver "uma maior consciencialização para a denúncia".
"Nos últimos cinco anos recolhemos 666 denúncias", afirma, em declarações à TSF.
O caso mais recente de violência escolar abalou o país na passada segunda-feira. Um aluno com necessidades educativas especiais foi vítima de agressões dentro da Escola Secundária da Moita, em Setúbal. O episódio foi gravado por colegas e amplamente difundido nas redes sociais. Sobre isto, Mafalda Ferreira, que integra a equipa do observatório, reconhece que a maioria das agressões reportadas "foi praticada em contexto escolar", sobretudo no "espaço de recreio". Alerta, por isso, que apesar de haver um avanço, existe ainda um caminho por trilhar no que toca à sensibilização para este fenómeno.
"Apelamos à importância do trabalho de sensibilização no contexto escolar, para os bystanders, ou seja, quem funciona como espectador ou como testemunha", adianta.
A doutorada em Ciências Forenses esclarece igualmente que este grupo tem um "papel crucial na dinâmica do bullying", já que podem "perpetuar este flagelo", como também "interromper este comportamento".
"Muitas vezes, o bullying acaba por persistir porque os bystanders não intervém, seja por medo de represálias, por algum conformismo social ou por alguma falta de informação sobre saber como agir", admite.
Por outro lado, quando estas testemunhas tomam "uma atitude proativa", é possível perceber a redução "significativa" da frequência e impacto das agressões.
O Observatório Nacional de Bullying faz parte da Associação Plano i, uma das Instituições Particulares de Solidariedade Social para a inclusão e igualdade.
