“Soares é Fixe.” Filme que retrata noite “eufórica” de Mário Soares é também alerta para o presente
O filme vai para as salas de cinema a 22 de fevereiro, mas teve a antestreia na noite desta quinta-feira. A TSF falou com o argumentista João Lacerda Matos.
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“Soares é Fixe” remete-nos para a campanha eleitoral de 1986. É na noite do duelo final entre Mário Soares e Freitas do Amaral, a 16 de fevereiro de 1986, que decorre o filme que tem como título o lema vitorioso da campanha do histórico socialista, desde o ceticismo à euforia de Mário Soares.
O filme vai para as salas de cinema a 22 de fevereiro, mas teve a antestreia na noite desta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, que contou com vários ministros e nomes de primeira linha do PS. António Costa e Pedro Nuno Santos foram dois dos convidados de honra.
À TSF, o argumentista João Lacerda Matos considera que a noite da segunda volta das presidenciais de 1986 “é a mais importante para Mário Soares, mas também para a jovem democracia portuguesa” que ainda não tinha completado 12 anos.
“Esta é uma história, não só da noite das eleições, mas daquilo que Mário Soares ganhou e perdeu ao longo do percurso: amizades, momentos com a família, perseguições, risco físico e de vida”, explica o argumentista.
O filme vai para as salas de cinema a duas semanas das eleições legislativas, pelo que Lacerda Matos espera que “as pessoas vejam que devem continuar a preservar o discurso político elevado e os políticos como homens de honra”.
O lema da campanha, “Soares é Fixe”, foi a escolha óbvia para título do filme: “É a melhor frase de propaganda de sempre”. Tem “seriedade de um homem honrado”, mas também “olha para o futuro”.
A memória de Costa. Os alertas de Alegre e de Pedro Nuno
Mário Soares venceu a eleição, num duelo renhido com o candidato da direita, Freitas do Amaral. O primeiro-ministro, António Costa, guarda boas memórias. “A campanha das presidenciais de 1986 foi a mais decisiva. Foi a campanha eleitoral mais renhida. Felizmente, acabou bastante bem”, disse.
O primeiro-ministro deu um longo abraço ao atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que chegou acompanhado pelo histórica socialista Manuel Alegre. Mário Soares é “a maior referência política” de Pedro Nuno Santos.
“Mário Soares é o socialista número um, é o nosso maior, é a minha referência política e um dos maiores da História do nosso país e do património do partido que lidero. Temos por ele uma profunda admiração e respeito”, declarou.
A olhar para 10 de março, o líder do PS e candidato a primeiro-ministro promete “defender o legado” de Mário Soares: “Temos de avançar, mas temos também de defender as conquistas destes últimos 50 anos. Mário Soares foi um dos responsáveis pela construção de um país, nestes últimos 50 anos, em que todos contamos”.
Manuel Alegre concentrou-se, igualmente, na atualidade política, embora tenha sido desafiado pelos jornalistas a recuar a 1986. O histórico socialista “fica triste que, 50 anos depois [do 25 de Abril], estejamos a assistir à extrema-direita a crescer e com muitos dos jovens a votarem à direita”.
“Temos de reconhecer que algo falhou na pedagogia democrática de todos nós que fizemos o 25 de Abril”, acrescentou.
Entre as diversas personalidades políticas que assistiram à antestreia do filme, Marcelo Rebelo de Sousa não marcou presença, apesar de o atual Presidente da República ser uma das personagens do filme, Marcelo, em 1986, era um dos elementos da campanha de Freitas do Amaral.