"Não é uma decisão contra ninguém." Espanha reconhece oficialmente o Estado da Palestina
Numa curta declaração, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, defendeu que a Palestina “tem de ser um estado viável” e que esta é a única solução “para conseguir um futuro de paz”
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O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, compareceu esta manhã no Palácio da Moncloa para anunciar de forma oficial o reconhecimento do Estado da Palestina, que será aprovado esta terça-feira em Conselho de Ministros.
“Espanha junta-se aos mais de 140 países que já reconhecem no mundo o Estado da Palestina. Trata-se de uma decisão histórica que tem como único objetivo contribuir a que israelitas e palestinianos alcancem a paz, é a única forma de avançar na solução que todos reconhecemos como a única possível para conseguir um futuro de paz: um estado palestiniano que conviva com um estado israelita em paz e segurança”, começou por dizer o líder espanhol, numa curta declaração em espanhol e em inglês.
Sánchez defendeu que o Estado da Palestina deve ser um "estado viável, com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza ligadas por um corredor, com capital em Jerusalém Este e unificadas pelo governo legítimo da Autoridade Nacional Palestiniana”. O presidente do Governo espanhol sublinhou que esta visão “está alinhada com as resoluções das Nações Unidas e a posição da União Europeia” e que Espanha não reconheceria “mudanças nas fronteiras estabelecidas em 1967”.
A decisão já tinha sido anunciada na passada quarta-feira, no Congresso dos Deputados, e desde então sucederam-se as críticas e as represálias por parte do Governo de Israel. Primeiro foi a retirada da embaixadora israelita de Madrid, depois a proibição ao Consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços aos palestinianos da Cisjordânia a partir do próximo 1 de Junho.
Esta segunda-feira, a tensão voltou a subir, depois da publicação de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel. “Estamos em 2024, os dias da Inquisição já acabaram. Hoje os judeus têm um estado soberano e independente e ninguém nos vai obrigar a mudar de religião, nem vai ameaçar a nossa existência. Vamos castigar quem nos quiser fazer mal”, lê-se no documento.
Já esta manhã, depois do anúncio de Pedro Sánchez, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, através da rede social X, acusou o líder espanhol de “ser cúmplice da incitação ao assassinato do povo judeu e de crimes de guerra”.
Na sua declaração, Pedro Sánchez quis sublinhar que o reconhecimento do Estado da Palestina não é uma decisão adotada “contra ninguém, e menos ainda contra Israel, um povo amigo, que respeitamos e com quem queremos ter a melhor relação possível” . Além disso, o líder do Governo espanhol voltou a pedir “a libertação imediata dos reféns detidos pelo Hamas” e sublinhou que o reconhecimento da Palestina representa “uma rejeição frontal e profunda ao Hamas, que está contra a solução dos dois estados”.
Numa curta declaração em espanhol e em inglês, Sánchez estabeleceu ainda três grandes prioridades depois do reconhecimento do estado palestiniano, sendo a mais urgente, o fim dos ataques em Gaza. “Em primeiro lugar, há que pôr fim a uma crise sem precedentes na Faixa de Gaza. Faço um apelo a um cessar fogo permanente, à entrada de ajuda humanitária e à libertação imediata dos reféns israelitas nas mãos de Hamas”, disse o mandatário.
Em segundo lugar, Sánchez comprometeu-se a “apoiar a Autoridade Nacional Palestiniana no processo de reformas iniciadas pelo seu governo”. E em terceiro, a impulsionar a cooperação com os países árabes “que também trabalham pela paz e pela prosperidade na região” e “unir esforços para a convocatória de uma conferencia internacional de paz que torne realidade a solução dos dois estados”.
Além de Espanha, também a Irlanda e a Noruega anunciaram na semana passada o reconhecimento do Estado da Palestina.
Notícia atualizada às 08h54
