"Muita paciência e muitos seguranças." Os 40 anos do encontro de Carlos Lopes com Ronald Reagan na Casa Branca

O encontro aconteceu após a conquista do primeiro título olímpico português, na maratona dos jogos de Los Angeles, no verão de 1984. Carlos Lopes recorda a ida aos Estados Unidos, a convite de Ronald Reagan, como um acontecimento que exigiu muita paciência e no qual esteve sempre rodeado de seguranças. O atleta considerava-se uma pessoa normal que tinha acabado de se sagrar campeão olímpico e por esse motivo estranhou o aparato.

Este encontro deveu-se ao facto de ter sido campeão olímpico. Não fui a correr, fui com muita paciência e com muita segurança para todo este aparato. Para mim foi tudo muito estranho, como é de compreender, eu era uma pessoa normal e acho que ninguém me fazia mal. Mas, o certo é que eu fui 40 dias antes para os Estados Unidos, para fazer a preparação para a maratona de Chicago, e fui sistematicamente rodeado por seguranças

O atleta olímpico acha que o convite surgiu por ser campeão olímpico com 37 anos e para mostrar o valor dos portugueses ao povo norte-americano.

“A ida à Casa Branca foi também uma mensagem que ele quis dar ao povo de que uma pessoa com 37 anos não é velha, ainda fazia coisas importantes para um país. Isso deu-me realmente um prazer tremendo. Realmente deu a conhecer ao povo americano que os portugueses não eram assim tão maus. (...) Eu agradeci o convite e achei que era muito importante para nós portugueses.” 

Este é um momento que Carlos Lopes recorda até aos dias de hoje. Carlos Lopes conta que este convite do presidente dos Estados Unidos antecedeu a vinda de Ronald Reagan a Portugal. 

“Eu penso que aquilo já era uma preparação para ele visitar Portugal. Ele esteve depois passado 4 ou 5 meses com o Dr. Mário Soares, eu também estive com ele, e portanto eu acho que era já uma aproximação para as políticas que existiam.”

Carlos Lopes recorda a conversa que teve com o então presidente norte-americano. O presidente do Sporting daquela época, João Rocha, também esteve presente. 

“Eu agradeci-lhe em português, a dizer que para mim era uma honra estar ali naquela casa, disse que os portugueses o reviam com muito prazer e carinho. Aquilo foi tudo muito rápido, o que o João Rocha lhe deu foi um barril de vinho do Porto, que ele agradeceu com muito carinho e que disse que ia beber”

Na sala de Carlos Lopes ainda hoje se mantém uma fotografia com Ronald Reagan. A visita do antigo atleta à Casa Branca aconteceu cerca de 2 meses depois de vencer a maratona e sagrar-se o primeiro campeão olímpico da história de Portugal.