"Estava à espera do Olimpo." Na despedida de Paris 2024, Diogo Ribeiro deixa críticas à organização
O nadador português admite que não teve a prestação que esperava nestes Jogos Olímpicos
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Foi uma falsa partida olímpica de Diogo Ribeiro, que falhou, esta sexta-feira, a qualificação para as meias-finais da prova de 100 metros mariposa. Como campeão do mundo em título, o nadador português admitiu que não teve a prestação que esperava em Paris.
"Vim para aqui como campeão mundial e nem a uma final passei, temos de ver o que falhou para o pico de forma", afirmou, em declarações aos jornalistas. Diogo Ribeiro admitiu que geriu mal a prova ao olhar para os rivais na piscina.
"Pensava que, ao manter-me ali no grupo da frente, ia dar para passar à meia-final, depois, o grupo da frente esticou-se no final e eu não consegui acompanhar", explicou.
O atleta considerou ainda que a estadia em Paris não foi perfeita devido às condições na aldeia olímpica. "Estava à espera do “Olimpo" na aldeia olímpica, as condições que o Comité deu foram as melhores que conseguiram arranjar para nós, tenho a certeza. Não nos podemos comparar aos Estados Unidos que têm tudo o que quiserem, não precisam de sair de lá de dentro, têm lá os chefes de cozinha, têm lá tudo. Mas tenho a certeza que, com o tempo, vamos melhorar", disse.
Para a próxima vez, Diogo Ribeiro já tem em mente outra solução: "No próximo ciclo já sei para que é que venho, quem sabe talvez ficar num hotel, tem corrido bem sempre que fico em hotéis."
Questionado sobre se não arriscou ou não se esforçou "assim tanto" na sua série, como o próprio declarou, Ribeiro defendeu que "não foi arriscar", simplesmente porque esta foi a sua primeira experiência olímpica.
"Tinha de passar à final e na final tudo podia acontecer. Mas lá está, assim como fui campeão mundial sete décimos à frente do oitavo, também podia ter ficado fora da final, essas coisas acontecem. Também todos sabemos que nesse Mundial, em todas as eliminatórias que passei, fui melhorando o tempo, ou seja, fui sempre a ver o que é que eu podia esticar e como é que eu podia passar e agora estava à espera que fosse a mesma coisa, estava à espera de um 51,6 que me daria a passagem, mas não foi possível", revelou.
Ribeiro foi apenas sexto na terceira série da sua prova de eleição, ficando ainda distante do seu recorde nacional (51,17 segundos).
"Estou contente e, ao mesmo tempo, não estou. Estou contente pela experiência e porque são os Jogos Olímpicos, mas, ao mesmo tempo, claro que ambicionava fazer mais, é óbvio", reforçou, num discurso pautado por permanentes oscilações no seu estado de espírito.
O nadador do Benfica confessou ainda que a grande pressão com que teve de lidar foi a sua, definindo-a como "a maior de todas".
"A prova não foi bem gerida e não consegui obter a passagem. Estou triste, mas, ao mesmo tempo, estou contente. Agora quero manter a calma, ter a cabeça para cima e, sobretudo, não mostrar que 'estou a bater mal na cabeça', porque nós, atletas, treinamos muito isso, também o psicológico. E só quem é campeão do mundo e quem tem medalhas todos os anos - que há muitos portugueses nas modalidades a fazer isso, felizmente - é que percebe o quão psicologicamente estamos preparados para chegarmos lá e fazermos", notou.
O jovem luso está convencido de que não é por ter falhado em Paris 2024, onde foi 16.º nos 50 metros livres (meias-finais) e 28.º nos 100 livres, que "as pessoas vão começar a fazer críticas".
"Acho que críticas construtivas são boas, mas às vezes, como à Simone Biles [ginasta norte-americana] também já aconteceu, de ver tanta coisa, tanta porcaria, entre aspas, na net, tantos comentários maus, dá cabo da cabeça de um atleta e acho que temos de apoiar os atletas e não rebaixá-los mais", alertou.
Diogo Ribeiro garantiu que vai rever a forma de treinar, mas acredita que melhorou alguns aspetos, como a saída para a água ou os percursos subaquáticos. O atleta espera que estes sejam apenas os primeiros Jogos Olímpicos de uma longa carreira.
