Eurodeputados portugueses preocupados com eventual corte no orçamento do Mecanismo Europeu de Proteção Civil
"Como é possível haver quem dê a cara por um corte de 155 milhões de euros num Mecanismo Europeu de Proteção Civil quando a cada ano vemos a realidade agravar-se? A irresponsabilidade paga-se com perdas, não só de bens, como também de vidas humanas", questiona Lídia Pereira, eurodeputada eleita pelo PSD
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Os eurodeputados alertam contra um eventual corte no orçamento do Mecanismo Europeu de Proteção Civil e pedem a flexibilização dos fundos europeus para os países os poderem usar na reconstrução.
A social-democrata Lídia Pereira sublinhou a necessidade de uma resposta conjunta a nível europeu e criticou a proposta de cortes no orçamento do Mecanismo Europeu de Proteção Civil para 2025.
“Como é possível haver quem dê a cara por um corte de 155 milhões de euros num Mecanismo Europeu de Proteção Civil quando a cada ano vemos a realidade agravar-se? A irresponsabilidade paga-se com perdas, não só de bens, como também de vidas humana”, questionou a eurodeputada eleita pelo PSD.
Também a bloquista Catarina Martins insistiu que os governos e as instituições europeias precisam de agir rapidamente para reduzir o impacto das alterações climáticas e evitar danos futuros.
A representante do grupo político Esquerda disse que “as catástrofes podem ser naturais, mas as causas são bem humanas”, sublinhando que “como estes últimos dias provam, as alterações climáticas estão a acontecer mais depressa e com maior intensidade do que previsto e são a maior ameaça à segurança das populações”.
“Cada dia em que as instituições europeias e os governos atrasam a sua mitigação, o restauro da natureza e a adaptação do território e das infraestruturas humanas, é a certeza de novas catástrofes”, acrescentou.
Já o eurodeputado da CDU João Oliveira defendeu que é fundamental discutir políticas de prevenção e de redução das consequências dos desastres naturais como os incêndios em Portugal e as inundações na Europa Central e de Leste, e pediu decisões a nível europeu e nacional.
Para João Oliveira “é preciso um adequado planeamento e ordenamento do território, é preciso contrariar o abandono do mundo rural e garantir a coesão territorial, é preciso garantir rentabilidade e sustentabilidade da agricultura e da exploração florestal, é preciso assegurar meios adequados de proteção civil e socorro às populações”.
“Isso exige um forte papel do Estado nas responsabilidades que tem nesta matéria, implica decisões nacionais e o financiamento a partir dos orçamentos dos estados, mas também o contributo dos meios europeus”, frisou.
Já o comissário europeu para a gestão de crises afirmou que os fenómenos climáticos extremos são cada vez mais frequentes e vieram para ficar.
Janez Lenarčič destacou a necessidade de aumentar o nível de prontidão europeia, para uma resposta adequada, e reforçou a mensagem com números.
“O custo médio dos desastres nos anos 80 era de 8 biliões de euros por ano. E em 2022 os prejuízos ultrapassaram 50 biliões de euros por ano. Isto significa que o custo da inação é bastante maior do que o custo da ação”, afirmou.
Ao longo da sessão, vários deputados sublinharam a necessidade de combater o negacionismo climático.