"Porque é que Portugal ainda não teve iniciativa?" Grupo de apoio a refugiados quer tirar 209 pessoas da Faixa de Gaza
"Nós queremos simplesmente que o Governo de Portugal ative os meios legais que já existem para que é possam ter emitido os vistos especiais para essas pessoas poderem sair", pede Luma Josino em declarações à TSF
Corpo do artigo
Um grupo de apoio aos refugiados palestinianos quer tirar 209 pessoas da Faixa de Gaza, sendo que a maioria são crianças. A lista com os nomes e outras informações sobre essas pessoas foi entregue ao Ministério dos Negócios Estrangeiros no início de junho.
Luma Josino, representante do grupo, conta o caso de uma dessas pessoas, um jovem chamado Tarik que até está inscrito numa universidade portuguesa.
"Ele foi aprovado no mestrado na Universidade Nova de Lisboa, só que o Governo disse que nós temos ele que tem de se dirigir até o consulado em Ramallah para a emissão do visto e é impossível as pessoas saírem de Gaza nesse momento sem ter uma intervenção direta do Governo para que ele possa sair até um consulado emitir o visto para poder viajar", disse Luma Josino à TSF.
O pedido é simples: "Nós queremos simplesmente que o Governo de Portugal ative os meios legais que já existem para que é possam ter emitido os vistos especiais para essas pessoas poderem sair e que eles se articulem com o Governo israelita, com a Cruz Vermelha, com as organizações de saúde que estão no terreno para que isso possa ser feito, porque a gente sabe que tem sido feito por outros países. Porque é que Portugal ainda não teve uma iniciativa, teve um papel mais ativo nessa questão das evacuações humanitárias?"
Luma Josino afirma que é possível e perante a situação atual de fome generalizada com pessoas a morrer vale a pena pelo menos tentar. No entanto, até agora, não tiveram qualquer resposta do Governo português
"Entregamos essa lista no dia 4 de junho diretamente ao doutor Vasco Ávila, que é o representante dos assuntos do Médio Oriente no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Uma lista detalhada com nomes, idade, profissão, documentos, estado de saúde e problemas de saúde de cada uma dessas pessoas. Já se passou mais de mês e meio, ainda não tivemos uma resposta e a situação só se agrava a cada dia", avisa.
Este grupo de cidadãos portugueses tem ajudado os palestinianos de Gaza da única maneira possível: com a transferência direta de dinheiro para o território. Metade do valor fica retido em taxas cobradas por Israel e há dias até esse canal estreito começou a fechar-se.
"Nós tivemos agora a notícia que Israel começou a bloquear também as transferências bancárias, porque a forma com que nós estávamos conseguindo enviar doações era através de transferências bancárias diretas ou pela aplicação das criptomoedas. Mas agora eu não sei como é que nós vamos conseguir contornar isso porque há mais essa restrição, ainda mais uma restrição de Israel para que essas transferências não cheguem até as pessoas. Ou seja, eles estão tentando bloquear de todas as formas qualquer tipo de ajuda que é para as pessoas mesmo não terem qualquer acesso a comida e a qualquer tipo de apoio que venha de fora. É um bloqueio total, é completamente desumano", explica.
Luma Josino, do grupo de apoio a refugiados palestinianos, sublinha que já é muito difícil encontrar alimentos em Gaza e o pouco que aparece no mercado negro é a preços exorbitantes.