"Sistema de combate de incêndios no país faliu", diz à TSF autarca da Guarda. Montenegro cancela férias, chamas causam primeira vítima mortal
Esta sexta-feira fica ainda marcada pelo anúncio do Governo de que os aviões de combate cedidos pela Suécia deverão chegar até domingo. Saiba tudo o que aconteceu aqui
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O incêndio nos concelhos de Portalegre e Castelo de Vide voltou a ser dado como dominado, às 18h40 desta sexta-feira, após ser resolvida uma reativação, indicou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
A Câmara da Covilhã ativou esta sexta-feira o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil por causa do fogo que alastrou do concelho de Arganil para a zona de Sobral de São Miguel e de São Jorge da Beira.
"O Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil foi ativado de modo a criar todas as condições necessárias e a dispor de todos os mecanismos de apoio às operações de socorro para o combate ao fogo que esta manhã alastrou do concelho de Arganil para a zona de Sobral de São Miguel e de São Jorge da Beira", já no concelho da Covilhã, distrito de Castelo Branco, justifica a autarquia numa nota enviada à agência Lusa.
A decisão foi tomada pelo presidente da Câmara da Covilhã e responsável máximo da Proteção Civil no concelho, Vítor Pereira, após reunião da Comissão de Proteção Civil.
"Às 16h00, o fogo encontrava-se a lavrar numa extensão da serra entre as freguesias de Sobral de São Miguel e de São Jorge da Beira. Como forma de prevenção, foi criada uma zona de concentração e apoio à população, na Escola Básica de Aldeia de São Francisco de Assis", adianta o município.
Na Lousã, há duas frentes ativas. O autarca Luís Antunes diz à TSF que durante a tarde desta sexta-feira alguns moradores tiveram de ser retirados de casa. Neste momento, a situação "está bastante mais calma, mas ainda a merecer muita atenção e preocupação".
Na Guarda, a situação está complicada, ainda que as três frentes que estão ativas tenham perdido um pouco de força. É o que diz à TSF o autarca Sérgio Costa.
Há bombeiros que não vão à cama há vários dias. Pedi apoio à Proteção Civil e eles dizem que não há meios. Ou seja, o sistema de combate de incêndios no país faliu.
Neste fogo, estão alocados mais de 200 operacionais "dispersos por toda a região". O presidente da Câmara Municipal da Guarda afirma que, neste momento, as juntas de freguesia e os moradores estão a dar um importante contributo no combate às chamas.
Em declarações à agência Lusa, a fonte da ANEPC indicou que os meios mobilizados para essa reativação, na zona onde o incêndio deflagrou na quinta-feira, na Tapada do Loureiro, no concelho de Portalegre, “resolveram a situação”.
O primeiro-ministro cancelou esta sexta-feira o período de férias que tinha previsto para esta época, devido aos incêndios que atingem o país, disse à agência Lusa uma fonte do gabinete de Luís Montenegro.
O secretário de Estado da Proteção Civil diz que, até domingo, vão chegar dois aviões anfíbios da Suécia. É a primeira ajuda que vai chegar a Portugal ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, para conter as chamas que ainda queimam uma boa parte do interior do país.
Apesar das críticas dos autarcas sobre o tempo que demorou a ser pedida esta ajuda, o secretário de Estado Rui Rocha garante que o pedido foi feito na altura certa.
Os incêndios que lavram na região centro do país obrigaram ao corte, nos dois sentidos, de algumas zonas de oito estradas nacionais nos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra, segundo a GNR.
Em comunicado, a GNR explica que, pelas 14h20, no distrito de Coimbra, estavam cortadas nos dois sentidos a Estrada Nacional (EN) 230 entre a Quinta da Tapada e as proximidades da localidade de Avô (Oliveira do Hospital), a EN342 na localidade de Avô, a EN236 na localidade de Candal (Lousã) e a EN 244 próximo das localidades de Cerdeira, Parroselos, Relva Velha e Camba, todas no concelho de Arganil.
No distrito de Viseu estavam cortadas nos dois sentidos a EN 321 na localidade de Travassos (Cinfães) e a EN226 entre a localidade de Penso (Sernancelhe) e a estrada municipal 533.
No distrito da Guarda estão cortadas nos dois sentidos a EN226 nas proximidades de Ponte Abade (Tondela), Rio de Mel (Trancoso) e Peroferreiro (Aguiar da Beira) a EN331 nas proximidades das localidades de Ranhados (Vila Nova de Paiva), Meda, Castainço (Penedono), Penedono, Macieira (Sernancelhe) e Sernancelhe, assim como a EN 229-1 entre as localidades de Antas (Penedono) e Trancoso.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não prestaram declarações.
O incêndio nos concelhos de Portalegre e Castelo de Vide, dado como dominado esta sexta-feira de manhã, está novamente ativo, devido a uma "forte reativação" esta tarde na zona onde deflagrou na quinta-feira, revelou a Proteção Civil.
"Houve uma reativação forte, por volta das 16h35, na zona da Tapada do Loureiro, em Portalegre, que foi onde eclodiu o incêndio", disse à agência Lusa fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e proteção Civil do Alto Alentejo.
Segundo a mesma fonte, "os meios foram reforçados no terreno e temos três meios aéreos que estão a apoiar o combate" às chamas.
Todos estamos convocados para este grande desafio, para que possamos chegar ao final deste período sem que tenhamos a lamentar mais perdas e sobretudo, para que consigamos garantir aquilo que é o mais importante: proteger as pessoas e os seus bens, porque isso é o bem maior que um Governo pode garantir aos seus concidadãos
O Governo lamentou esta sexta-feira a morte de um homem no concelho da Guarda, primeira vítima mortal dos incêndios, e apelou à tranquilidade da população nos próximos dias, "ainda de grande intensidade" no combate às chamas.
Em declarações à imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide, após uma visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, começou por lamentar e enviar condolências à família pela morte do ex-autarca de Vila Franca do Deão Carlos Dâmaso, na sequência do combate às chamas.
"Apelo também para a serenidade e a tranquilidade que os próximos dias ainda exigem", referiu o governante, afirmando que apenas na próxima terça-feira haverá uma "janela de oportunidade" no combate aos incêndios que assolam o país, em particular a região Centro.
Segundo Rui Rocha, "os próximos dias ainda vão ser de grande intensidade, de grande empenho e de grande responsabilidade de todos nós, de todos os portugueses".
A Câmara de Pampilhosa da Serra anunciou, esta sexta-feira, o cancelamento de todo o programa de festas devido ao incêndio que se encontra ativo na zona norte do concelho e a ativação do Plano Municipal de Emergência.
Numa nota enviada à agência Lusa, o município de Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, justifica esta decisão, com "a necessidade de concentrar todos os esforços e recursos na salvaguarda de pessoas e bens" em virtude do incêndio que se encontra ativo na zona norte do concelho.
O presidente da Câmara Municipal, Jorge Custódio, revogou ainda todas as licenças emitidas até domingo, o que implica também o cancelamento obrigatório de todas as festas previstas em diversas aldeias do concelho até esse dia.
"Esta decisão, embora difícil, é tomada em nome da segurança, da responsabilidade e do respeito para com todos os munícipes, bem como para com as entidades e profissionais envolvidos no combate ao incêndio", lê-se na nota.
Foi ainda ativado, pelas 12h00 desta sexta-feira, o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil.
Segundo a autarquia, esta decisão visa garantir que as entidades e instituições que integram a Comissão Municipal de Proteção Civil acionam, a nível municipal, os meios necessários ao desenvolvimento das ações de Proteção Civil, reforçando a resposta.
Permite, também, o acionamento dos meios, públicos e privados, necessários para responder às necessidades.
Há aldeias cercadas pelas chamas em concelhos dos distritos de Viseu e Guarda, disse à agência Lusa o comandante da Proteção Civil no terreno que afirmou ter “todos os locais identificados” e com meios localizados.
“Principalmente na zona norte do incêndio, Penedono, Sernancelhe, São João da Pesqueira, mas também em Aguiar da Beira há uma série de situações de risco, porque é onde o incêndio está com mais intensidade”, disse à agência Lusa, pelas 15h10, o segundo comandante regional do Centro.
Jody Rato admitiu ainda que “há várias aldeias rodeadas de chamas”, mas preferiu não identificar, “não só, porque são várias, mas para não criar alarme, porque há meios em todas elas a trabalhar no sentido de rapidamente a situação ser ultrapassada”.
O comandante realçou que, “os bombeiros estão todas a fazer aquilo que são as defesas perimétricas, porque, em primeiro lugar, está a defesa de pessoas e bens, depois aquilo que é o combate”.
“O acompanhamento está a ser feito em todas as situações”, assegurou.
As aldeias são “um pouco” por toda a região afetada pelo incêndio que, teve origem em dois, Sátão (distrito de Viseu) e Trancoso (distrito da Guarda) e, neste momento, está já em 10 municípios dos dois distritos.
O incêndio afeta os municípios de Sátão, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Penedono e “também já a entrar” em São João da Pesqueira (distrito de Viseu), Aguiar da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Meda e Celorico da Beira (distrito da Guarda).
Quatro bombeiros da corporação da Mêda ficaram feridos enquanto combatiam o fogo em Paipenela, esta quinta-feira, naquele concelho, e foram encaminhados para o Hospital da Guarda.
“Dois deles já tiveram alta, os restantes continuam internados com queimaduras de segundo grau. Estão em observações e não correm risco de vida”, confirmou à agência Lusa o vice-presidente do município, César Figueiredo.
Segundo o autarca, neste momento há uma frente ativa na localidade de Vale Flor e outra entre a Prova e Aveloso, na zona norte do concelho do distrito da Guarda.
Esta última frente está agora “à porta” da sede do concelho.
“Em ambas as situações o incêndio está a avançar com muita intensidade, atiçado pelo vento, que varia muito e está a dificultar o trabalho dos operacionais”, referiu.
César Figueiredo adiantou que os meios estão colocados à entrada das localidades para “travar as chamas e evitar o pior, mas precisamos de meios aéreos rapidamente porque a situação está incontrolável”.
Segundo o vice-presidente da Câmara da Mêda, já terão ardido “entre 5000 a 6000 hectares” no seu município, sobretudo pastos, floresta, soutos, pinhais, terrenos agrícolas e, hoje, algumas casas de segunda habitação.
“Provavelmente, também haverá muitos animais mortos, como ovelhas, cabras e vacas, porque os donos soltam-nos, simplesmente, devido à ameaça do fogo”, afirmou.
O autarca criticou o plano operacional, considerando que devia haver “melhor organização”.
“Os bombeiros locais conhecem melhor o terreno, o seu trabalho é mais assertivo e eficaz. Aos de fora falta-lhes esse conhecimento e, muitas vezes, não sabem o que fazer, mas é a ajuda que temos e é bem-vinda”, disse à agência Lusa.
Uma pessoa morreu na sequência do incêndio que lavra na Guarda, confirmou à TSF a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que não adianta mais detalhes. A RTP avança que o corpo carbonizado de um civil foi encontrado em Vila Franca do Deão. A agência Lusa acrescenta que se trata de um ex-autarca que morreu a combater o fogo.
É a primeira vítima mortal dos incêndios que assolam o país há vários dias.
A estrada nacional (EN) 17, mais conhecida como Estrada da Beira, foi cortada à circulação num troço de 17 quilómetros em Oliveira do Hospital, para facilitar a deslocação de meios de combate a incêndios, indicou a autarquia.
Fonte oficial da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital disse à agência Lusa que o corte da EN17 foi aplicado "em toda a extensão" do troço que atravessa aquele concelho do interior do distrito de Coimbra, entre o acesso ao Itinerário Complementar (IC) 6 e a localidade de Póvoa das Quartas, na fronteira com o município de Seia (Guarda).
"As vias secundárias que entroncam com a nacional 17 também vão ficar todas impedidas, serão só para veículos de socorro", adiantou a mesma fonte.
Em causa estão as vias municipais que descem da EN 17 para os vales dos rios Alvoco e Alva, passando por povoações como Santa Ovaia, Santo António do Alva ou Penalva do Alva, entre outras.
A presidente do Parlamento Europeu sublinhou esta sexta-feira que "nenhum país está sozinho" e que a União Europeia está com Portugal "na luta contra os incêndios florestais", após o país ter ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
"Na Europa, nenhum país está sozinho", escreveu Roberta Metsola nas redes sociais, acrescentando que a palavra "solidariedade tem um significado real".
A presidente do Parlamento Europeu disse que a União Europeia está com Portugal "na luta contra os incêndios florestais".
A concentração motard de Góis, no interior do distrito de Coimbra, que começou na quinta-feira e deveria decorrer até domingo, vai ser cancelada devido aos incêndios florestais que lavram naquela região, disse fonte da GNR.
"Vai haver o cancelamento do evento", adiantou fonte do comando territorial da GNR de Coimbra sobre a iniciativa anual que reunia cerca de 20 mil pessoas em Góis, concelho localizado entre os municípios da Lousã e de Arganil, onde lavram incêndios florestais de grande dimensão.
De acordo com a mesma fonte, foi dada ordem de evacuação do recinto da concentração, onde estavam milhares de motociclistas.
A presidente da Comissão Europeia disse esta sexta-feira que "a solidariedade não conhece fronteiras" e que "está a ser mobilizado" o apoio de quatro aviões Canadair para auxiliar Portugal no combate aos incêndios florestais.
"A nossa luta contra os incêndios florestais continua. Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil. A solidariedade europeia não conhece fronteiras. O nosso apoio está a ser mobilizado", escreveu Ursula von der Leyen nas redes sociais.
A Comissão Europeia disse à Lusa que está a "mobilizar o apoio" que Portugal pediu, no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, para ajudar a combater os incêndios florestais no país.
"Sim, Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, nós estamos a mobilizar o apoio que o país pediu", disse à Lusa a porta-voz do executivo comunitário europeu Eva Hrncirova.
A Comissão Europeia disse esta sexta-feira à Lusa que está a "mobilizar o apoio" que Portugal pediu, no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, para ajudar a combater os incêndios florestais no país.
"Sim, Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, nós estamos a mobilizar o apoio que o país pediu", disse à Lusa a porta-voz do executivo comunitário europeu Eva Hrncirova.
Portugal pediu esta sexta-feira à União Europeia quatro aeronaves Canadair para auxiliar no combate aos incêndios florestais.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil confirmou, esta sexta-feira, a ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
"Na avaliação que fizemos e, sobretudo, com base no desenvolvimento que os incêndios tiveram durante a noite de hoje [sexta-feira], que se esperava que fosse uma situação de oportunidade para a supressão desses incêndios, o que não se veio a verificar, e uma vez que o incêndio da Lousã, que ontem começou durante a tarde e não o conseguimos suprimir da forma como contávamos durante a noite de ontem, foi decidido ativar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e solicitar apoio com aviões anfíbios Canadair para até ao próximo dia 18", explicou o comandante Mário Silvestre, no briefing da Proteção Civil.
Um combate muito difícil e sem condições de segurança para os próprios bombeiros. É assim que o comandante sub-regional da Proteção Civil de Coimbra descreve o incêndio de Arganil, um fogo de grandes dimensões cujo combate é muito dificultado pelo terreno.
"Um incêndio fora da capacidade de extinção numa orografia muito acentuada, de difícil combate, onde não há condições de segurança sequer para que os operacionais possam abordar as frentes de fogo. A nossa estratégia tem sido defender casas, pessoas e bens e é isso que temos conseguido com grande articulação com o serviço municipal de Proteção Civil dos três concelhos afetados da nossa região, nomeadamente, Arganil, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra. É um incêndio muito violento, numa orografia acentuada, muito comparada àquilo que é a Serra da Estrela, um incêndio com progressão muito rápida", explica à TSF Carlos Tavares.
Na aldeia de Luadas, na Serra do Açor, a GNR já avisou os habitantes para a possibilidade de terem de deixar as casas. Esta foi uma das aldeias onde o fogo entrou em outubro de 2017. À TSF, José Filipe, um dos moradores, conta que as chamas andam por perto, uns "duzentos ou trezentos metros ali à frente".
"Temos aldeias atrás de nós que estão cercadas pelo fogo. Tudo depende do vento, que está sempre a mudar, mas corremos o risco de vir uma rajada maior e pregar-nos o fogo. Estamos num perigo muito grande como foi há oito anos”, explica à TSF José Filipe.
Com o fogo não muito longe, os habitantes da aldeia de Luadas recordam esse incêndio. O receio afeta os mais velhos, que são a maioria dos que ali vivem, mas também os mais novos.
“Temos aqui também montes de gente: casais jovens e estrangeiros que vivem na Serra. Está tudo aqui já na povoação, fugiram todos para cá, porque estão com um medo terrível. Alguns, mais novos, nunca passaram por isto, eu vou tentando animá-los e vamo-nos manter o mais sereno possível. Temos pessoas com dificuldades. Se houver uma evacuação e vierem cá buscar pessoas, eu próprio sou capaz de começar a indicar quem é que deve ir", afirma.
A GNR já passou por esta aldeia de Luadas, na Serra do Açor, e avisou quem ali vive que pode ter de sair. Se o fogo chegar, José Filipe acredita que, tal como há oito anos, a maioria vai querer ficar: "A ideia que eu tenho é que ninguém quer sair. E a verdade é que as pessoas ficaram e defenderam a aldeia. Não ardeu nem uma casa."
Os municípios de Sernancelhe, Penedono, Cinfães e ainda Trancoso e Aguiar da Beira, no distrito da Guarda, têm estradas nacionais e municipais cortadas devido aos incêndios, disse à agência Lusa fonte da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Segundo fonte da GNR, estão cortadas ao trânsito:
A Estrada Nacional (EN) 331, em Penedono, entre Castaínço e Macieira.
A EN229-1, entre Antas, Sernancelhe, distrito de Viseu, e Trancoso, distrito da Guarda.
A EN 229, em Aguiar da Beira, distrito da Guarda, entre a Ponte do Abade e Aguiar da Beira.
A Estrada Municipal (EM) 506, em Sernancelhe, entre Sernancelhe e Ferreirim.
A Estrada Regional 321, em Cinfães, entre Travassos e Tendais.
O Presidente da República desloca-se ao início da tarde à sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide, para assistir a um ponto da situação sobre os incêndios, disse à Lusa fonte de Palácio de Belém.
De acordo com a mesma fonte, Marcelo Rebelo de Sousa deverá reunir-se na sede daquele organismo, em Oeiras, com a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, e com o secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha.
Marcelo Rebelo de Sousa deverá assim interromper o período de férias no Algarve para se inteirar da evolução dos incêndios que assolam sobretudo a região centro do país.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil tem ainda previstos briefings para as 12h00 e as 19h00 na sua sede em Carnaxide, Oeiras.
Os operacionais já dominaram 90% do incêndio que deflagrou, na quinta-feira, no concelho de Portalegre e se estendeu ao município vizinho de Castelo de Vide, revelou esta sexta-feira à agência Lusa fonte da Proteção Civil.
A fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Alentejo indicou que, no último balanço efetuado com o comando no terreno, às 07h10, "o incêndio estava 90% dominado".
"Os dados indicam que o combate está bem encaminhado e que o incêndio está a ceder aos meios" que se encontram no teatro de operações, acrescentou.
Questionada sobre eventuais feridos, a fonte disse que, em relação aos operacionais envolvidos no combate às chamas, há quatro feridos ligeiros, concretamente um sapador florestal e três bombeiros.
Em relação a habitantes ou a casas afetadas, o comando sub-regional não tem, para já, informações sobre isso.
Às 09h15, encontravam-se envolvidos nos trabalhos de combate às chamas 260 operacionais, apoiados por 83 veículos e uma aeronave.
O alerta para este foi dado às autoridades às 14h01 de quinta-feira, tendo eclodido numa zona de mato na Tapada do Loureiro, freguesia de Ribeira de Nisa e Carreiras, no concelho de Portalegre, segundo o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Alentejo.
O incêndio florestal em curso na serra da Lousã, no distrito de Coimbra, tem duas frentes ativas, uma delas em direção à localidade de Vilarinho e ao concelho de Góis, disse o presidente do município.
Em declarações à Lusa, Luís Antunes considerou que a situação na Lousã "é ainda muito preocupante", com "dois pontos principais de preocupação".
A frente que lavra para norte, em relação à origem do incêndio, na povoação de Candal, que deflagrou ao início da tarde de quinta-feira, dirige-se para Vilarinho, mas ainda está longe de povoações, mantendo-se na cumeada da serra, indicou.
O incêndio dos concelhos de Portalegre e Castelo de Vide foi considerado dominado às 10h19 desta sexta-feira, revelou à agência Lusa fonte da Proteção Civil, realçando que os meios estão agora posicionados nas áreas mais críticas.
"O incêndio está dominado na totalidade, o que confirmámos às 10h19, após um reconhecimento aéreo a todo o perímetro", disse o 2.º comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Alentejo, João Vaz.
O incêndio florestal que lavra há mais de 48 horas no município de Arganil, distrito de Coimbra, está a evoluir em várias frentes, ameaçando aldeias e a ‘joia ambiental’ da Mata da Margaraça, disse o presidente da Câmara.
Ouvido pela Lusa, Luís Paulo Costa manifestou-se muito preocupado com a evolução do incêndio no seu concelho, antecipando muitos problemas ao longo do dia, com frentes de fogo a norte, oeste e sudoeste do local onde o incêndio eclodiu na freguesia do Piódão, na quarta-feira, situadas a quase dez quilómetros em linha reta da origem.
“Neste momento a Mata da Margaraça está ameaçada, ainda não ardeu, mas o fogo está nas imediações, na mesma encosta. Está a ser feito lá um trabalho do sentido de tentar fazer a contenção do incêndio, mas está difícil.”
A aldeia de Covanca, em Pampilhosa da Serra, vai ser evacuada devido ao agravamento do incêndio que lavra desde quarta-feira naquele concelho do distrito de Coimbra.
Em declarações à agência Lusa, às 09h34, o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra disse que a situação no seu concelho está a agravar-se, sobretudo por causa das condições climatéricas adversas.
"O incêndio não nos deu descanso durante toda a noite. Tem uma extensão muito grande. Neste momento estamos a preparar-nos para evacuar a aldeia de Covanca", disse Jorge Custódio.
O autarca explicou ainda que Covanca é atualmente habitada por cerca de 300 pessoas.
Esta aldeia situa-se no extremo nordeste do concelho de Pampilhosa da Serra e nos seus limites encontram-se as linhas divisórias de três concelhos, Pampilhosa da Serra, Arganil e Covilhã, consequentemente de dois distritos, Coimbra e Castelo Branco.
"Os habitantes vão ser retirados para as instalações da secção de bombeiros de Unhais-o-Velho", informou Jorge Custódio.
O incêndio florestal que lavra desde a manhã de hoje em Pampilhosa da Serra veio do concelho vizinho de Arganil, onde eclodiu na freguesia do Piódão, pelas 05:00 de quarta-feira, alegadamente provocado por uma descarga elétrica da trovoada seca que se fez sentir naquela zona.
Os incêndios que começaram em Trancoso e Sátão afetam atualmente 10 municípios e têm três frentes ativas muito grandes, disse à agência Lusa o segundo comandante regional do Centro, Jody Rato.
“Os incêndios de Trancoso e de Sátão estavam muito perto, quase a interagir, havia já zonas em que estavam a menos de 10 quilómetros e nesse sentido absorvemos o comando que, agora, é só um e temos 10 municípios”, adiantou à agência Lusa, cerca das 09h00, o comandante no terreno, Jody Rato.
O incêndio afeta os municípios de Sátão, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Penedono e “também já a entrar” em São João da Pesqueira (distrito de Viseu); Aguiar da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Meda e Celorico da Beira (distrito da Guarda).
“Neste momento tem três frentes ativas muito grandes. Uma delas com mais de 20 quilómetros de frente. A zona de maior preocupação é na zona norte, na cabeça, porque é onde está com maior intensidade, ou seja, em Penedono e em São João da Pesqueira”, adiantou.
Jody Rato acrescentou que em todo o perímetro deste incêndio estão 1368 operacionais a trabalhar, 461 veículos, com mais sete máquinas de rasto e, neste momento, cerca das 09h00, “estão a ser mobilizados meios aéreos”.
“Neste momento já estamos com quatro meios aéreos e vamos eventualmente reforçar durante o dia. Não sabemos, porque também há outros incêndios ativos e os meios são finitos e compreendemos que a mobilização tenha de ser gerida”, admitiu o segundo comandante regional Centro.
Outro incêndio de grandes dimensões é o de Sátão, que está a ser combatido por quase 800 operacionais. À TSF, o autarca de Sátão, Alexandre Vaz, diz, no entanto, que o fogo já não tem frentes ativas, embora no terreno permaneçam centenas de bombeiros.
"Aquilo que nos foi dado a conhecer é que é o incêndio estava extinto, podia ter havido algum reacendimento esta noite, mas não havia frentes ativas. Poderemos quase concluir que o fogo está praticamente extinto", explica à TSF Alexandre Vaz.
O fogo de Arganil é o que concentra mais meios, com mais de 800 operacionais no terreno. À TSF, o autarca Luís Paulo Costa revela que se trata de uma situação que entrou em descontrolo.
"As coisas descontrolaram-se completamente durante a noite, os ventos são muito severos. Nós não conseguimos perceber onde é que estão os meios. Fala-se em 800 e 900 operacionais, eu até acredito que eles estejam espalhados por todas as frentes de fogo, mas nesta zona há poucas intervenções de proteção a acontecer, isto está completamente desgovernado e nós não conseguimos antever um desfecho positivo para isto", diz.
Emocionado, o autarca diz que há aldeias em perigo e que toda a situação faz-lhe lembrar de um outro grande fogo.
"Tudo isto nos cheira a 2017 e isso perturba-nos muito. Temos um conjunto de aldeias que durante a noite foram completamente cercadas e que, fruto da articulação entre bombeiros e GNR, foi possível pelo menos preservar as casas e garantir a vida das pessoas, mas há aldeias que estão na linha de fogo e o vento está muito severo", alerta, sublinhando que algumas pessoas já foram aconselhadas a sair de casa.
Mais de 3500 operacionais combatiam às 08h00 37 incêndios ativos em todo o país, seis deles a mobilizar o maior número de meios, segundo a Proteção Civil.
De acordo com a página na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), estavam no terreno 3569 operacionais, auxiliados por 1200 meios terrestres.
Os fogos mais significativos são os de Sátão (Viseu) e Arganil (Coimbra), que concentram maior número de meios, num total de 1675 operacionais no terreno.
O fogo em Vila Boa, no concelho de Sátão, distrito de Viseu, que começou na madrugada de quarta-feira e, no mesmo dia, chegou aos municípios de Sernancelhe (Viseu) e de Aguiar da Beira (Guarda) tinha, pelas 08h00, 847 operacionais no terreno, apoiados por 285 viaturas.
O fogo de Arganil, que deflagrou na freguesia do Piódão na madrugada de quarta-feira, alegadamente provocado por uma descarga elétrica da trovoada seca que se fez sentir naquela zona, mantinha 828 operacionais auxiliados por 290 meios terrestres.
Já no fogo que deflagrou em Trancoso, distrito da Guarda, estavam envolvidos 515 operacionais no combate às chamas, com o auxílio de 178 meios terrestres, num incêndio que alastrou para os concelhos de Fornos de Algodres, Aguiar da Beira, Celorico da Beira e Sernancelhe.
Ainda no concelho de Trancoso, um fogo com início na quarta-feira em A-do-Cavalo mobilizava 52 bombeiros.
Na serra da Lousã, distrito de Coimbra, o incêndio que começou na quarta-feira mobilizava 290 operacionais, com 87 viaturas de combate ao fogo, depois de durante a tarde ter evoluído “com duas frentes” e obrigado à retirada preventiva de 53 pessoas de várias aldeias.
O fogo que lavra no concelho de Portalegre, mantinha pelas 08h00 desta sexta-feira 246 operacionais auxiliados por 81 meios terrestres.
Quanto ao incêndio de Cinfães (Viseu), tinha no terreno 100 operacionais e 28 viaturas.
