Portugueses nos EUA receiam impacto da política de imigração da Administração Trump
Em declarações à TSF, Katherine Soares, presidente da PALCUS, uma organização que defende os interesses dos luso-americanos nos Estados Unidos, afirma que "a comunidade portuguesa pode ser afetada, mas deve demorar algum tempo"
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A comunidade portuguesa nos Estados Unidos está receosa com as possíveis alterações na política de imigração com o regresso de Donald Trump à Casa Branca. Um dos alvos do Presidente eleito serão os imigrantes sem papéis, com a promessa de deportações em série.
No domingo à noite, num comício na véspera da cerimónia de posse, o republicano prometeu pôr fim à “invasão” que considera representar a imigração ilegal, um dos seus principais temas de campanha. “Vamos acabar com a invasão das nossas fronteiras”, disse.
Em declarações à TSF, Katherine Soares, filha de imigrantes portugueses e presidente da PALCUS, uma organização que defende os interesses dos luso-americanos nos Estados Unidos, afirma que os portugueses podem ser atingidos, ainda que não no imediato.
"Há imigrantes indocumentados de origem portuguesa, como também há empresários que têm muitos empregados indocumentados. Há receio de que se comece de novo as rusgas aos locais de trabalho. Vai eventualmente afetar a comunidade portuguesa, mas deve demorar algum tempo, porque a prioridade desta Administração que vai dar entrada hoje vão ser os grupos de imigrantes indocumentados da América Latina e do Médio Oriente", explica à TSF Katherine Soares, sublinhando que o segundo mandato de Donald Trump vai ser muito mais "extremado e sem regras".
"Esta Administração vai ser bastante diferente, somos capazes de ver um mandato muito mais outside of the box [fora da caixa], porque agora não há mesmo regras. Já não se vão esconder no que diz respeito às suas intenções e às suas opiniões muito mais extremadas e exageradas. Vão ser quatro anos difíceis, tal como o primeiro mandato dele foi difícil. É assustador, porque depois, a nível visual, perante o mundo, ficamos cada vez mais débeis, frágeis e passamos a impressão de que estamos à venda", acrescenta.
Donald Trump toma esta segunda-feira posse como o 47.º Presidente norte-americano, numa cerimónia em Washington marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com escassos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia (UE).
O momento marcará o regresso à Casa Branca do político republicano, que venceu a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais norte-americanas de 5 de novembro, depois de um primeiro mandato (2017-2021) e de ter falhado a reeleição, face à vitória de Joe Biden