"Não há nenhuma ação policial dirigida a comunidades." Montenegro sublinha que "segurança não é de esquerda nem de direita"
Reagindo às críticas sobre a operação policial no Martim Moniz, o primeiro-ministro repete que Portugal "é um dos países mais seguros do mundo", mas não basta dizê-lo para continuar a manter a posição
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Luís Montenegro esteve uma semana a receber críticas pela operação policial no Martim Moniz. Agora, reitera que “não há nenhuma ação policial dirigida a comunidades” e responde, às críticas da oposição, que a “segurança não é de esquerda nem de direita".
O primeiro-ministro insiste que há “histórico de crimes” no Martim Moniz, em Lisboa, pelo que rejeita ligar “ações preventivas” a “extremismos”. Aponta, no entanto, aos "extremismos securitários" como os discursos "líricos", que quase dispensam as forças policiais.
"Do ponto de vista do Governo, a segurança não é de esquerda nem de direta, é um bem da sociedade que convém preservar, é uma condição de base. Quem tem uma visão diferente desta está num dos dois extremos: no extremo demasiado securitário ou no outro quase lírico, onde se pensa que podíamos quase prescindir de forças de segurança", acrescenta.
"Não há em Portugal nenhuma ação policial dirigida a uma comunidade específica, ficou bem patente na operação Martim Moniz, em que houve várias pessoas fiscalizadas com nacionalidade portuguesa."
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, até acusou o atual Governo de ser “o mais extremista” dos últimos anos, e juntou-se aos que acusaram Luís Montenegro de estar a “instrumentalizar” as forças de segurança. O primeiro-ministro responde que a segurança em Portugal “deve ser preservada” e os polícias “não se deixam instrumentalizar”.
“Não, este Governo não quer nem vai instrumentalizar as forças de segurança. E pior do que isso, eu creio que toda a gente percebe que as próprias forças nunca se deixariam instrumentalizar”, insistiu.
Portugal “é um dos países mais seguros do mundo”, admitiu o primeiro-ministro, socorrendo-se de vários índices que colocam o país em posição de destaque, mas Luís Montenegro deixou o desafio à oposição: recuem dez anos e comparem a trajetória de vários países.
“Olhem para aqueles países que há uma década atrás tinham uma determinada performance e que hoje têm problemas complexos de criminalidade. Olhemos para esses exemplos para nos inspirarmos e anteciparmos a possibilidade de nós podermos ver o nosso ranking também a piorar”, alertou.
Luís Montenegro deu esta sexta-feira posse, na residência oficial em São Bento (Lisboa), ao secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), o embaixador Vítor Sereno, e à secretária-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), magistrada Patrícia Barão.
O primeiro-ministro aproveitou a ocasião para responder às críticas da oposição sobre a recente operação policial no Martim Moniz, em Lisboa, dizendo estar "atónito e perplexo" com muitas das reações.