João Costa junta-se ao coro de críticas a Pedro Nuno: “péssimo momento”, caiu na “armadilha”

João Costa
Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (arquivo)
Em declarações à TSF, o antigo ministro da Educação, do Governo de Costa, não gostou de ouvir Pedro Nuno pedir aos imigrantes que respeitem a cultura do país
O antigo ministro João Costa junta-se ao coro de críticas a Pedro Nuno Santos, depois da entrevista do secretário-geral do PS ao Expresso. João Costa fala num “péssimo momento”, depois de ouvir Pedro Nuno Santos pedir aos imigrantes que respeitem a cultura portuguesa. Existe “contaminação” do discurso pela extrema-direita, na opinião do socialista, que alerta para as várias “armadilhas”.
Em declarações à TSF, o antigo ministro que apoiou Pedro Nuno Santos na contenta interna, contra José Luís Carneiro, lembra que há vários comportamentos que não são aceitáveis de acordo com a lei portuguesa, mas “não dependem da origem” das pessoas.
"Teve um péssimo momento. Quando dá o exemplo da igualdade entre homens e mulheres, seja violência doméstica, seja casamentos precoces ou forçados, seja mutilação genital feminina, seja o que for, são comportamentos a erradicar, não interessa qual é a origem dos agressores. E, portanto, acho que esse foi um momento bastante infeliz", lamenta.
O foco tem de estar na educação, acrescenta o antigo ministro que tutelou a pasta, para “garantir que todos os cidadãos, sejam nacionais ou estrangeiros, recebem a informação e a formação necessária”.
Nestas declarações à TSF, João Costa admite que existe uma “contaminação do discurso”, muito por culpa da extrema-direita. Alerta que os socialistas não podem cair “em armadilhas”.
“Há uma contaminação muito subtil do discurso da extrema-direita que vai entrando sem as pessoas darem conta e é preciso estar muito focado para não cair em armadilhas desse tipo. Eu conheço, ou acho que conheço, o pensamento do Pedro Nuno Santos e não o coloco de forma alguma nesse espectro. Agora, é preciso haver coerência e não começar a falar de valores nacionais, de cultura nacional, a despropósito”, insiste.
O antigo ministro também discorda de Pedro Nuno Santos quando o secretário-geral do PS defende que o regime de manifestação de interesse funciona como efeito chamada de estrangeiros para que se instalem no país. João Costa sublinha que nenhum especialista da área confirma que o efeito de chamada tenha acontecido.
“A manifestação de interesse tinha essa vantagem de conseguir dar às pessoas, que estavam a aguardar a sua legalização, a garantia de descontos para a segurança social e outra série de direitos aqui no país”, responde.
Pedro Nuno Santos recebe, no entanto, um sinal de confiança de João Costa, que não considera que o secretário-geral do PS fique fragilizado pela polémica, apesar das várias críticas que recebeu nos últimos dias. Os socialistas “têm sempre capacidade de crítica quando há declarações criticáveis”.
O PS prometeu, “possivelmente”, para esta semana a apresentação de uma proposta para substituir a manifestação de interesse. Os socialistas consideram que existe “um vazio”, depois do fim do regime imposto pelo Governo.