Israel declara António Guterres persona non grata: "Não merece pôr os pés em solo israelita"
O especialista em assuntos europeus Paulo Sande denunciou, no Fórum TSF, a incapacidade da ONU de "intervir de forma a instaurar alguma sensatez e criar soluções" para o conflito no Médio Oriente
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O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, anunciou esta quarta-feira ter declarado o secretário-geral da ONU, António Guterres, "persona non grata" no país, criticando-o por não ter condenado o ataque massivo do Irão a Israel na noite de terça-feira.
"Qualquer pessoa que não possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita. Estamos a lidar com um secretário-geral anti-Israel, que apoia terroristas, violadores e assassinos", disse Katz num comunicado.
O especialista em assuntos europeus Paulo Sande confessou, no Fórum TSF, acreditar que António Guerres não vai sair "fragilizado" desta situação, mas considera que esta é mais uma prova da incapacidade da ONU de "intervir de forma a instaurar aqui alguma sensatez".
"Esta ameaça permanente de uma escalada pode assumir proporções inimagináveis e não vemos ninguém capaz de intervir de forma a instaurar aqui alguma sensatez, ou seja, criar aqui soluções que sejam soluções factíveis, que sejam soluções de facto exequíveis. Não há. E nós vemos que esse é um aspeto. Obviamente António Guterres não digo que sai fragilizado, porque, por outro lado, ele tem também muitos apoios nas suas posições, mas de alguma forma a organização de que ele é secretário-geral demonstra essa incapacidade", explica.
Terça-feira, Guterres condenou o alargamento do conflito no Médio Oriente "com escalada após escalada" e apelou a um cessar-fogo imediato após o Irão atacar Israel com mísseis.
"Condeno o alargamento do conflito no Médio Oriente com escalada após escalada. Isso deve parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo", frisou o ex-primeiro-ministro português, através da rede social X.
A publicação de Guterres surgiu pouco depois do início de um ataque com mísseis do Irão contra Israel.
"Em resposta ao martírio de [Ismail] Haniye, de Hassan Nasrallah e do mártir [Abbas] Nilforushan (ex-comandante da Guarda Revolucionária iraniana morto na sexta-feira Beirute), atacámos o coração dos territórios ocupados", declarou a Guarda Revolucionária do Irão num comunicado divulgado pela agência noticiosa estatal ISNA.
Este anúncio iraniano surgiu depois de o Exército israelita ter informado que tinham sido disparados mísseis do Irão, pouco depois das 19h30 locais (menos duas horas em Lisboa), e ordenado à população para procurar abrigo.
Guterres já se tinha manifestado "extremamente preocupado" com a escalada do conflito no Líbano, pedindo respeito pela "soberania e integridade territorial" deste país, horas depois de as Forças de Defesa de Israel (IDF) terem iniciado uma ofensiva terrestre para deter a ameaça da milícia xiita Hezbollah, cujo líder, Hassan Nasrallah, foi morto na sexta-feira num bombardeamento israelita em Beirute.
