Pedro Nuno “não dá para peditório” do Chega e desvaloriza moção de censura. Lembra Santos Silva para contrariar Aguiar-Branco
Pedro Nuno Santos reforça, no entanto, o pedido para que Luís Montenegro dê explicações
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PS e Chega, juntos, podem colocar um ponto final no Governo, mas em resposta à ameaça de André Ventura, para uma moção de censura, Pedro Nuno Santos desvaloriza. O socialista “não dá para o peditório” do Chega, que “apenas quer desviar atenções”. Reforça, no entanto, que Luís Montenegro deve explicações.
O secretário-geral do PS continua a pedir que o primeiro-ministro explique o negócio de família, que pode beneficiar com a nova lei dos solos, num possível conflito de interesses. Nota, ainda assim, que André Ventura quer apenas desviar as atenções das polémicas com o próprio partido, ao ameaçar censurar o atual Governo.
“Eu não dou para o peditório de iniciativas do partido de extrema-direita que tem como único objetivo desviar as atenções dos seus problemas internos”, respondeu, recusando alongar-se sobre o tema.
Nas entrelinhas, fica a certeza que a intenção do Chega não passará disso mesmo - para que a moção de censura tivesse efeitos, os 78 deputados do PS tinham de votar ao lado dos 49 do Chega. Pedro Nuno Santos é bem mais extensivo quanto ao pedido para explicações a Montenegro sobre o negócio de família, embora não encoste o primeiro-ministro à parede.
“Tenho a convicção de que há boas explicações para todos os casos e, por isso mesmo, é importante que elas sejam dadas. Obviamente, sem explicações, as críticas e suspeitas adensam-se desnecessariamente. E um primeiro-ministro, como qualquer político, tem a obrigação de prestar esclarecimentos quando há dúvidas”, reforça.
Até porque, quando era líder da oposição, “Luís Montenegro exigia explicações sobre vários casos”. Agora, Pedro Nuno Santos pede ao primeiro-ministro que siga o próprio exemplo.
Pedro Nuno aconselha Aguiar-Branco a “rever forma como gere os trabalhos” e lembra Santos Silva
No Parlamento, a semana passada ficou marcada por insultos dos deputados do Chega a outras bancadas, desde logo, à do PS. Os socialistas pedem sanções, mas o presidente da Assembleia da República discorda.
Ora, Pedro Nuno Santos aconselha José Pedro Aguiar-Branco a “rever a forma como gere os trabalhos” e até recua aos tempos de Augusto Santos Silva, em que o então presidente da Assembleia da República entrava em confronto com a bancada do Chega.
“Parte da ordem na Assembleia da República é da responsabilidade do presidente da Assembleia da República. E o presidente anterior, Augusto Santos Silva, chegou a ser criticado pela forma como geria os trabalhos. Sinceramente, acho que a forma como em muitos momentos têm sido geridos tem de ser revista”, aconselhou.
A atitude de confronto de Augusto Santos Silva, criticada na anterior legislatura, contrasta com a passividade de José Pedro Aguiar-Branco. Curiosamente, Augusto Santos Silva é um dos nomes do PS para as eleições presidenciais, e tem deixado a porta aberta a uma candidatura.