"Dificuldades de recrutamento": sargentos querem Jorge Nobre de Sousa a "encontrar melhores caminhos" do que Gouveia e Melo
António Lima Coelho, em declarações à TSF, avalia de forma "negativa" o mandato de Gouveia e Melo: "Não deveria ter feito mais nem menos. Deveria ter feito melhor, particularmente no que ao fator humano diz respeito"
Corpo do artigo
O presidente da Associação Nacional de Sargentos confessou esta quarta-feira esperar que o novo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) seja capaz de resolver os problemas de "desvalorização funcional, desmotivação e de recrutamento" que existem na Marinha. Em declarações à TSF, António Lima Coelho atira "responsabilidades" a Gouveia e Melo, afirmando que este deveria "ter feito melhor" durante o seu mandato.
Para o líder da associação é essencial que a Armada seja dotada de meios financeiros para que Jorge Nobre de Sousa, novo CEMA, possa fazer um bom trabalho.
"Para nós o importante é perceber que meios é que lhe vão ser dados para cumprir cabalmente a sua missão. Da parte dos sargentos, interessa-nos saber que o senhor almirante irá reverter algumas das situações que o anterior CEMA colocou aos sargentos, que são de profunda injustiça e desmotivadoras daquilo que é o desempenho da missão", denunciou.
Antonio Lima Coelho aponta como exemplo a "desvalorização funcional que levou a colocar sargentos a desempenhar funções de praças", afirmando que está situação é "profundamente preocupante", na medida em que não só "desvaloriza" os sargentos, como passa um "atestado de incompetência" aos "camaradas de praças".
"Isto não foi nada bom e não comporta uma boa imagem daquilo que a Marinha é e deve ser", defendeu.
Por estes motivos, pretende saber se o desempenho do vice-almirante Jorge Nobre de Sousa "vai ajudar a diminuir as dificuldades de recrutamento". Deseja por isso que o novo CEMA seja capaz de "encontrar melhores caminhos do que o anterior".
António Lima Coelho avalia de forma "negativa" o mandato de Gouveia e Melo à frente da Marinha.
"[Gouveia e Melo] não deveria ter feito mais nem menos. Deveria ter feito melhor, particularmente no que ao fator humano diz respeito", vincou, argumentando que além de ficarem muitos problemas por resolver, há outros que se "agravaram por força das suas decisões" e aponta como exemplo a "desvalorização funcional e a desmotivação que hoje se vive no seio dos militares da armada.
"[Gouveia e Melo] não tem apenas culpa, mas responsabilidade", justificou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta terça-feira que Jorge Nobre de Sousa vai substituir Henrique Gouveia e Melo, que tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021 e manifestou-se indisponível para um segundo mandato.
O almirante Gouveia e Melo, cujo nome surge entre os potenciais candidatos às eleições presidenciais de janeiro de 2026, vai passar à reserva logo após o fim do seu mandato, na próxima sexta-feira.
Jorge Manuel Nobre de Sousa assumiu o cargo de 2.º Comandante Operacional das Forças Armadas em julho de 2022, e dirige o Comando Conjunto para as Operações Militares.
Nascido em 1963, ingressou na Escola Naval em 1981, e foi promovido a aspirante em 1987.
