Marcelo marca legislativas antecipadas para 18 de maio e quer "debate que dê força à democracia e a Portugal"
"Impõe-se que haja um debate eleitoral claro, frontal e esclarecedor, mas sereno, digno, elevado e tolerante, que não enfraqueça a democracia e que não abra a porta a experiências que se sabe como começam e que se sabe como acabam", afirma o chefe de Estado.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta quinta-feira a dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições legislativas antecipadas para o dia 18 de maio, "a data preferida da maioria dos partidos".
Na comunicação ao país que fez a partir do Palácio de Belém, o chefe de Estado começou por alertar que "o mundo mudou imenso nos últimos meses e tudo indica que ainda vai mudar mais", o que pode influenciar a "economia" e ressalvou que Portugal conseguiu melhorar a sua economia, dizendo que seria preciso "evitar crises".
"Infelizmente, num mês, surgiu uma crise aparentemente só política", diz Marcelo Rebelo de Sousa, apontando para as eleições regionais, autárquicas e presidenciais que se avizinham.
O chefe de Estado explica que a moção de confiança foi chumbada, o que nos termos da Constituição leva à queda do Governo. Dissecando os argumentos do lado do Executivo e do lado da oposição e afirma que "o Governo entendeu que nestas circunstâncias era impossível governar", sendo que as oposições entenderam "recusar a confiança e recorrer ao voto popular".
Considerando que esta crise "não é apenas política", mas "ética e moral sobre uma pessoa, o primeiro-ministro".
Marcelo Rebelo de Sousa afirma que este é um choque que não é político, mas de confiança no líder do Governo e diz que "todos os esforços de entendimento" falharam. "Não se pode, ao mesmo tempo, confiar e desconfiar ética e moralmente de uma pessoa", aponta, explicando que os partidos pronunciaram-se "por unanimidade" pela marcação de eleições antecipadas, o mesmo tendo sido feito no Conselho de Estado.
O Presidente da República afirma que "começam agora a correr dois meses de debate eleitoral", que "pode e deve pesar bem os sinais e riscos para a democracia de confrontos em que não é possível haver consenso", que conduzem "a becos que levam a eleições".
Marcelo Rebelo de Sousa aponta os principais pontos para a campanha: "A economia e o seu crescimento, o emprego, o controlo da inflação, os salários e os rendimentos, a saúde, a habitação, a educação, as desigualdades, a justiça, a mobilidade humana, o lugar dos mais e menos jovens, a segurança e a transparência e o combate à corrupção, tudo num quadro de paz e de guerra e de uma muito difícil situação económica internacional."
"Impõe-se que haja um debate eleitoral claro, frontal e esclarecedor, mas sereno, digno, elevado e tolerante, que não enfraqueça a democracia e que não abra a porta a experiências que se sabe como começam e que se sabe como acabam", considera.
Assim, Marcelo Rebelo de Sousa pede "um debate que dê força à democracia e a Portugal".