"Sentimo-nos totalmente abandonados." Dezenas de imigrantes protestam junto à AIMA no Porto
Em declarações à TSF, o advogado Marcel Borges refere que "não há pessoal suficiente para atender os imigrantes, nem uma informática decente"
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Dezenas de imigrantes estão em protesto junto à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), no Porto, devido aos atrasos no tratamento dos processos. À TSF, Marcel Borges, advogado que representa 250 pessoas nesta situação, fala de um sentimento de "abandono", porque "não há pessoal suficiente para atender os imigrantes, nem uma informática decente para suprir as necessidades e as demoras".
"Nós estamos a sentir-nos totalmente abandonados, porque o IRN [Instituto de Registos e Notariado] estava com a incumbência legal de ajudar a AIMA, mas abandonou a causa. Nós estamos agora com falta de pessoal na AIMA, não há funcionários suficientes para atender todas as pessoas. Hoje [sexta-feira] também foi anunciado pela imprensa que 100 funcionários querem sair da AIMA", explica ainda.
Por estas razões, e "para ver se, pelo menos, todas as pessoas que estão aqui recebem as senhas", o advogado decidiu manifestar-se junto à AIMA.
Marcel Borges conta que, após ter sido anunciada a organização destes protestos em Lisboa e no Porto, a AIMA abriu mais cedo para que "não houvesse filas", mas, mesmo assim, "há constrangimentos": "Uma pessoa que acabou de chegar [pelas 08h00] só tem marcação às 14h00, ou seja, ela vai ter de esperar praticamente seis horas. Uma pessoa que veio de Famalicão para ser atendida."
"Já pedimos o apoio da Assembleia da República, através do deputado [bloquista] José Soeiro. Nós já fomos a todos os órgãos que julgamos que sejam competentes", refere igualmente.
O Expresso avança, esta sexta-feira, que cem funcionários da Agência para a Integração, Migrações e Asilo pediram para sair do organismo. A informação consta do relatório da agência sobre a recuperação das pendências do SEF, elaborado durante este mês de maio.
O presidente do Sindicato dos Funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SINSEF) não confirma os números avançados pelo Expresso, mas, em declarações à TSF, Artur Girão avisa que se os números se confirmarem vão afetar o funcionamento da agência.
"A verificarem-se os números, evidentemente são números elevados e vão certamente afetar o funcionamento da agência. Não tenho confirmação de que efetivamente seja esse o número, mas a verificarem são números que vão deixar algumas dificuldades na agência", sublinha.