Candidata à JS quer 10% de habitação pública e alargar IVG. Dá nota positiva a Costa, mas "muito ficou por fazer"
Na primeira entrevista enquanto candidata à JS, Sofia Pereira revela duas metas para o futuro
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Aos 25 anos, Sofia Pereira lança-se na corrida à sucessão de Miguel Costa Matos para a liderança da Juventude Socialista (JS). Quer “mudar o rumo de uma geração”, mas dá nota positiva às políticas de António Costa para os jovens. Em entrevista à TSF, defende uma maior aposta na habitação pública e pede o alargamento da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) das dez para as 14 semanas.
Sofia Pereira pertence ao secretariado da JS, mas recusa que esta seja uma candidatura de continuidade aos mandatos de Miguel Costa Matos. Admite, no entanto, que quer “continuar a construir o que até hoje conseguimos atingir”.
Natural de Lamego, no interior do país, Sofia Pereira não veste o fato de deputada, embora tenha concorrido à Assembleia da República, pelo círculo eleitoral de Viseu, mas promete influenciar as políticas e as propostas que o PS apresenta no Parlamento. E nas várias aéreas que afetam os jovens, há um que ganha especial relevo: a habitação.
Seguindo o discurso de Pedro Nuno Santos, com quem não revela se já conversou sobre a candidatura, a socialista lembra que Portugal conta com uma parca percentagem de habitação pública. Traça a meta para que, em dez anos, o país conte com 10% de habitação pública.
“A habitação não é um problema exclusivo em Portugal, é um problema na Europa, e acreditamos que é preciso mais habitação pública. Portugal é um dos países da União Europeia que tem uma taxa mais baixa de habitação pública, de cerca de 2%. Portanto, são precisas mais casas. A nossa proposta é de 10% de habitação pública nos próximos dez anos. Por outro lado, queremos uma nova geração de cooperativismo de habitação, através do financiamento a 100% destas habitações”, diz em entrevista à TSF.
Nas conversas que terá “com o grupo parlamentar do PS e mesmo com o PS”, a IVG será outro dos temas em cima da mesa. Sofia Pereira defende o alargamento para as 14 semanas, ao contrário das atuais dez, assim como o fim do “período de reflexão”.
“Defendemos o alargamento da IVG para as 14 semanas e o fim do período de reflexão”, disse. Pede ainda que o direto à IVG das mulheres não seja “vedado” em função do hospital ou da zona do país: “Os direitos das mulheres são direitos humanos, queremos garantir uma forma mais justa para esses direitos”.
Nota positiva para Costa, mas “muito ficou por fazer”
Assumindo-se como “de esquerda”, a socialista recorda os tempos da geringonça “que trouxeram avanços para os jovens”, e recusa a ideia de que nos governos de António Costa “pouco se fez” pela sua geração. Dá o exemplo da gratuitidade dos manuais escolares e da redução do valor do passe para os transportes públicos. Admite que “há muitas coisas por melhorar” e ficaram “várias coisas por fazer”.
Questionada sobre o afastamento dos jovens dos partidos tradicionais, assim como para a política, Sofia Pereira aponta à “formalidade e à encenação” dos políticos, com que os jovens não se reveem: “A JS tem a responsabilidade de aproximar a juventude ao PS”.
Sofia Pereira é, para já, a única candidata à sucessão de Miguel Costa Matos, para o congresso que está indicado para dezembro. Quer entrar numa lista que conta com nomes como Pedro Nuno Santos, Sérgio Sousa Pinto, Duarte Cordeiro, Margarida Marques, Jamila Madeira, João Torres ou António José Seguro.