Congresso do PSD arranca já sem ónus da decisão do PS e a olhar para as autárquicas
No discurso oficial, este vai ser um congresso de balanço e de relançamento do partido a pensar nas eleições autárquicas. Decisão anunciada por Pedro Nuno Santos retira atenções ao tema Orçamento do Estado
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Há um antes e um depois do anúncio de Pedro Nuno Santos. Se antes a tensão estava na viabilização ou não da proposta do Governo para o Orçamento do próximo ano, agora o PSD está mais livre para relançar o novo ciclo do signo Montenegro ainda que Hugo Soares, secretário-geral do PSD e líder parlamentar, diga à TSF que o anúncio de Pedro Nuno Santos em nada mudou os planos.
Ainda se esperava que o líder socialista só anunciasse a decisão na segunda-feira e as atenções dos social-democratas estavam voltadas para o Orçamento do Estado, de resto, as conversas de bastidores do PSD indiciavam isso mesmo. No entanto, havia confiança na São Caetano à Lapa, não só no trabalho que tem vindo a ser feito pelo Governo, mas também nos dados macroeconómicos que ajudam a impulsionar esta equipa governamental. Com um acrescento: "O partido está pacificado."
Comentava-se que Pedro Nuno Santos tinha cometido dois erros: o de achar que nunca o PSD iria ceder e o facto de o secretário-geral socialista ter confiado no Chega para uma eventual viabilização do Orçamento. "A questão do taticismo não está do nosso lado", comentam à TSF, ainda longe de se saber da decisão do PS.
Já com o anúncio feito ao país em horário nobre, os dirigentes do PSD ainda menos razões têm para se desviar da linha oficial. Ao telefone com a TSF, Hugo Soares faz prova disso: "Creio, sinceramente, que aquilo que aconteceu esta noite não muda em nada aquilo que eram os objetivos traçados para o congresso nacional do PSD."
E que objetivos são esses? O balanço deste mandato da direção nacional de Montenegro e o "relançamento do partido para um novo ciclo eleitoral, designadamente a prioridade política que temos agora que são as eleições autárquicas". De resto, o próprio líder do partido já fez saber que o grande objetivo é o de vencer as eleições e liderar a Associação Nacional de Municípios.
E Hugo Soares não se desvia da narrativa oficial por um milímetro que seja. Questionado sobre o tabu desfeito relativamente ao Orçamento, se esperava agora um maior foco na questão autárquica, mais uma resposta padrão: "Não se espera nem mais, nem menos, espera-se exatamente a mesma coisa. Espera-se que seja um congresso em que se vai aprovar a moção de estratégia global da liderança de Luís Montenegro, espera-se a eleição dos novos órgãos partidários e o relançamento do partido para um novo ciclo político e eleitoral que se quer, nós no PSD, que seja um ciclo de vitórias eleitorais".
Muito menos vale seguir pela via "presidenciais", após confirmada a presença de Luís Marques Mendes em Braga. "É militante do PSD, foi líder do PSD, é um destacadíssimo militante do PSD. É, de resto, um destacadíssimo cidadão da nossa sociedade portuguesa, é com gosto que o recebemos no nosso congresso", sublinha Hugo Soares, lembrando que as candidaturas a Belém partem de vontades individuais e que o partido aguarda que essas vontades se manifestem.
Já sobre eventuais anúncios por parte do primeiro-ministro, Hugo Soares nota que "Luís Montenegro habituou o país e o partido" a um registo de "grande serenidade" e que, "quando fala, normalmente, não fala por falar, fala quando tem alguma coisa para dizer". "É expectável que as intervenções que Luís Montenegro faça no congresso marquem a atualidade política nacional", conclui, sem novidade, o líder parlamentar.
Certo é que Luís Montenegro é conhecido por guardar tudo muito bem guardado na sua cabeça até ao momento em que toma as decisões e, de resto, com a agenda europeia desta semana, será apenas esta sexta-feira que o líder do PSD tem oportunidade para se debruçar a sério sobre os grandes temas a levar para o congresso.
Já com a botija de oxigénio cheia, com a certeza de viabilização do Orçamento, o PSD reúne-se em Braga, informa a agência Lusa, para aquele que deverá ser o congresso mais participado da última década. E para bater palmas, muitas palmas, na comemoração da liderança de Luís Montenegro.