Combate à pobreza: Marcelo tem "obrigação de ter um papel ativo na procura dessas soluções"
No Fórum TSF, o secretário-geral da CGTP aponta que o que ficou a faltar na mensagem do chefe de Estado foi "encontrar o caminho e dizer exatamente quais são as soluções que o país tem de encontrar para ultrapassar todas as dificuldades que ali anunciou, porque são muitas"
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Na sua habitual mensagem de ano novo, o Presidente da República considerou na quarta-feira que "a pobreza é um problema de fundo estrutural que a democracia não conseguiu resolver". Em reação a este discurso, várias entidades apontaram, no Fórum TSF, que a estratégia nacional de combate a este fenómeno tem de mudar, atacando-o na "origem", e atribuem responsabilidades a Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre isto, o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, Agostinho Jardim Moreira, argumenta que, se a estratégia nacional não mudar, Portugal vai continuar a "gastar milhares e milhares de euros" e a pobreza vai "aumentar", já que este é um desafio que não tido combate na sua "origem".
"É uma questão de inteligência, é uma questão de decisão política e é uma questão de toda a sociedade portuguesa. Estamos convictos que são desígnios nacionais: só com a participação de todos é que será possível intervir de uma forma eficaz nesta situação dolorosa da pobreza vivida em Portugal. Não é a aumentar mais dez, 15 ou 20 euros que a pessoa sai da pobreza, porque as coisas também aumentam, encarecem e fica tudo mais ou menos igual. Temos de ir às causas que geram e tentar dar respostas que possibilitem a vivência da dignidade pessoal de cada um", justifica.
Já Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, desafia o Presidente da República a ter um "papel ativo" na procura de soluções para redistribuir melhor a riqueza.
"Como chefe de Estado, [Marcelo Rebelo de Sousa] tem obrigação de ter um papel ativo na procura dessas soluções, porque se nós continuarmos todos os anos a dizer exatamente a mesma coisa, o que essa mensagem passa a transmitir é um sinal de que não andamos para a frente e temos de aceitar as coisas como elas são. E não temos de aceitar as coisas como elas são", garante.
Identifica por isso que o que ficou a faltar na mensagem de Marcelo foi "encontrar o caminho e dizer exatamente quais são as soluções que o país tem de encontrar para ultrapassar todas as dificuldades que ali anunciou, porque são muitas".
Quem partilha da mesma visão é Jorge Pisco, presidente da Confederação das Micro, Pequenas e Médias Empresas, que aponta responsabilidades ao Presidente da República.
"Esta mensagem do Presidente da República dirige-se a quem? Aos órgãos de soberania, ao povo português? É preciso termos em conta que o Presidente da República é um órgão de Estado que tem a responsabilidade de homologar, por exemplo, os Orçamentos do Estado e que tem um papel fundamental na condução e na direção, tendo em conta aquilo que é a realidade do país", salienta.
Para isso, destaca o papel das micro, pequenas e médias empresas como um fator de arrastamento da economia portuguesa, afirmando que estas empregam "79% do tecido empresarial, ou seja, cerca de três milhões de trabalhadores". Este é um aspeto que diz ser "fundamental".
