De Braga ao Algarve: horários por preencher, professores deslocados e baixas médicas marcam arranque do novo ano letivo
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Cerca de 1,3 milhões de alunos começam entre esta quinta e segunda-feira as aulas. O novo ano letivo arranca com milhares de estudantes sem professores, um problema assumido pelo ministro da Educação. Em declarações à agência Lusa, Fernando Alexandre admite que há mais de mil horários por preencher e que o problema das baixas médicas pode agravar o problema da falta de professores nos próximos dias.
Neste dia que marca o arranque do novo letivo para a maioria das escolas portuguesas, a Manhã TSF fez uma ronda por algumas das instituições de ensino do país.
Em Faro, no maior agrupamento do concelho, as aulas só começam esta sexta-feira, mas os últimos dias têm sido "uma grande azáfama". Dez horários por preencher, as baixas médicas de alguns docentes e professores deslocados são três dos problemas sentidos neste agrupamento.
Na outra ponta do país, em Vila Real, na escola secundária de São Pedro, as aulas só começam "em pleno" na segunda-feira. A diretora Rita Mendes afirma que o projeto educativo desta escola "aposta no sucesso pleno dos alunos em todas as suas componentes" e considera que este é "o canto do paraíso", uma vez que está apenas em falta um professor, neste caso, de físico-química.
Já em Viana do Castelo, "reina a tranquilidade" na sede do agrupamento de escolas da Abelheira. À TSF, o diretor deste agrupamento, José Pires de Lima, adianta que os professores foram todos colocados. "No meio deste cenário, que parece tão catastrófico, nós estamos no céu, estamos muito bem e espero continuar assim", afirma, sublinhando a "sorte" pelos professores terem escolhido este agrupamento para lecionar. "Dá-nos a estabilidade necessária para o início do ano letivo."
Em Braga, a rotina do início do novo ano letivo "é particularmente complexa" devido à "mudança dos quadros das escolas por força do concurso docente", explica à TSF o diretor do agrupamento de escolas Alberto Sampaio, João Andrade. Por aqui, também há alguns professores deslocados, assim como "alguma dificuldade" em contratar um professor de eletrónica. As baixas médicas são também um dos problemas, como nota João Andrade.
O número de professores, que rondava habitualmente os 150 mil, registou no ano letivo de 2022/2023 a sua primeira diminuição em muitos anos, com menos 0,55% nas escolas em relação ao ano anterior, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Educação (DGEEC).
Para tentar reduzir o número de alunos sem aulas, o Governo apresentou este verão o plano "+ Aulas, + Sucesso", com um conjunto de medidas que vão desde a possibilidade de contratar professores aposentados com uma remuneração extra ou chamar bolseiros de doutoramento para dar aulas.
Além deste plano, o Governo aprovou um apoio de deslocação a professores colocados em escolas onde é difícil contratar, tendo também desenhado um novo concurso extraordinário, que irá colocar ainda durante o 1.º período esses docentes.
Já o número de alunos nas escolas portuguesas volta a aumentar este ano, graças à comunidade imigrantes, sendo esperados mais de 900 mil alunos do ensino básico e outros 400 mil do ensino secundário, segundo os últimos dados disponíveis no site da DGEEC.
Depois de décadas em que o número de alunos vinha diminuindo, o ano letivo de 2021/2022 marca uma viragem nessa tendência graças à chegada de alunos imigrantes, que atualmente já representam quase 14% do total de estudantes, revelou esta semana o ministro da Educação.
O ministro reconhece que este é um "desafio" para as escolas, uma vez que cerca de um terço das crianças e jovens não falam português, mas há já um programa aprovado esta semana em Conselho de Ministros para que os professores consigam integrar estes alunos.
A sessão solene de abertura do ano letivo vai realizar-se na Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, e contará com a presença do ministro e dos secretários de estado da área da Educação, mas também com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e o primeiro-ministro, Luis Montenegro.
