"Esperamos que não corram perigo." Ativistas que seguiam para Gaza "foram raptados" e Israel "assaltou" navio "com violência"
Em declarações à TSF, a voluntária Sandra Barrilaro adianta que os ativistas estão incontactáveis porque lançaram o telemóvel ao mar no momento em que o navio foi tomado de assalto. A espanhola espera que eles cheguem ao porto de Asdode ainda esta segunda-feira
Corpo do artigo
Os 12 ativistas do barco humanitário que estava a tentar chegar à Faixa de Gaza estão incontactáveis. A organização que fretou a embarcação revela à TSF que os ativistas atiraram os telemóveis à água quando foram intercetados pelas tropas de Israel. Em declarações à TSF, Sandra Barrilaro, voluntária espanhola que esteve envolvida na organização desta viagem, acusa Israel de assaltar o navio "com violência" e adianta que a decisão de atirar os telemóveis ao mar teve a intenção de impedir as forças israelitas de acederem a informações dos aparelhos.
"Em águas internacionais, o exército de ocupação israelita tomou de assalto com violência o navio Madleen, da Freedom Flotilla. As 12 pessoas que seguiam a bordo foram raptadas. Presumimos que estão a ser levadas para o porto de Asdode, em Israel, onde vão ser presas e depois enviadas aos países de origem", explica à TSF Sandra Barrilaro, esperando que tal ocorra ainda esta segunda-feira.
Questionada sobre se os ativistas podem estar em perigo de vida, Sandra Barrilaro afasta essa hipótese. "Aparentemente, segundo um vídeo enviado pelo exército israelita, não há feridos e esperamos que não corram perigo de vida", conta.
Além dos passageiros, a voluntária acredita que Israel tenha na sua posse o barco e toda a ajuda humanitária que está a bordo. "Normalmente, o Exército de Israel apropria-se do barco e da carga. Possivelmente vamos passar anos até conseguir recuperar o barco e a carga e, normalmente, quando conseguimos, tanto o barco como a carga vão estar em péssimas condições - mas com certeza que vão roubar a carga do barco", lamenta, frisando que a prioridade, neste momento, é que os ativistas regressem a casa.
A Freedom Flotilla Coalition (FFC) avança no seu canal de Telegram que contactou a autoridade de imigração israelita, que, por sua vez, respondeu que os ativistas não estão "em sua custódia". A mesma autoridade aconselhou a FFC a contactar o Exército israelita e, até ao momento, ainda não obteve resposta.
A FFC é um movimento popular, composto por iniciativas em várias partes do mundo, com o objetivo de acabar com o bloqueio ilegal israelita a Gaza.
O navio com ajuda humanitária Madleen, que tentava chegar a Gaza com a ativista sueca Greta Thunberg a bordo, foi intercetado e desviado no domingo à noite pelas autoridades israelitas, que disseram aos passageiros para "regressar aos seus países".
“[O navio] está a dirigir-se em segurança para a costa israelita. Os passageiros devem regressar aos seus países de origem”, declarou o ministério israelita dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
O navio tinha partido de Itália a 1 de junho para “quebrar o bloqueio israelita” em Gaza, onde a situação humanitária é desastrosa após mais de um ano e meio de guerra.
Depois de uma escala no Egito, o Madleen aproximou-se de Gaza, apesar dos avisos de Israel, que tinha dado ordens ao seu exército para o impedir de se aproximar do território palestiniano.
“O Estado de Israel não permitirá que ninguém viole o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objetivo é impedir a transferência de armas para o Hamas, uma organização terrorista assassina que mantém os nossos reféns e comete crimes de guerra”, anunciou no domingo o ministro israelita da Defesa, Israel Katz.
Durante a noite, a FFC, que fretou o navio, anunciou a abordagem do navio pela armada israelita.
“Perdeu-se a ligação com o Madleen. O exército israelita entrou a bordo do navio”, anunciou a coligação através da rede social Telegram, afirmando que a tripulação tinha sido ‘raptada pelas forças israelitas’.
Além de Greta Thunberg, o navio transportava também a eurodeputada franco-palestiniana de esquerda Rima Hassan.
A FFC denunciou ainda a existência de uma “clara violação do direito internacional”, insistindo que a abordagem teve lugar em águas internacionais.
“Israel não tem autoridade legal para deter voluntários internacionais a bordo do Madleen”, afirmou o diretor da organização, Huwaida Arraf.
