Assis assume como prioridade "manter Chega fora da governação", admite abertura para diálogo com direita e exclui candidatura
Em declarações à TSF, o eurodeputado Francisco Assis garante que está na altura de o PS fazer uma profunda reflexão e analisar a relação com a Aliança Democrática. O socialista define como prioridade o combate ao crescimento do Chega
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Para o socialista Francisco Assis, este domingo "foi uma noite particularmente triste". O eurodeputado mostra-se surpreendido com a subida "muito significativa e imprevista" do Chega e lamenta a "derrota muito pesada" do PS, que levou à demissão de Pedro Nuno Santos. "Compreendo essa decisão, teve um gesto digno ao demitir-se da liderança do PS, julgo que deve ser feita uma reflexão profunda sobre as razões deste resultado, mas pensar que se deve apenas ao ano e meio de liderança de Pedro Nuno Santos seria uma forma muito redutora de encarar a presente situação do PS", sublinha.
Francisco Assis aponta como outras razões para a derrota do PS o contexto europeu de "retrocesso de todas as forças da esquerda democrática, acompanhada pelo aumento significativo da extrema-direita" e, em segundo lugar, "a vontade dos eleitores de dar à Aliança Democrática a oportunidade de prosseguir o ciclo governativo e, nessa perspetiva, o PS foi castigado". O eurodeputado sublinha, no entanto, que o aspeto mais crítico é o "crescimento de um partido de extrema-direita, que é hoje uma força política com uma expressão que não pode de forma nenhuma ser ignorada e que é uma ameaça ao funcionamento do sistema democrático em Portugal", acrescenta.
Assis defende que o PS deve agora entrar numa profunda reflexão e estar aberto ao diálogo tanto com os partidos de esquerda como com os de direita. "Um dos temas centrais do debate que temos que travar no Partido Socialista é a forma como nos devemos relacionar com a Aliança Democrática e com o governo que emanar dessa maioria relativa no plano parlamentar. Os partidos são suficientemente diferentes para que se não confundam, não têm nenhum problema de identidade programática e, como tal, não vejo que haja aqui ou devam existir obstáculos a um diálogo sereno entre estes partidos. Para mim, manter o Chega fora da área da governação do país continua a ser uma prioridade e isso, evidentemente, exige este diálogo entre os partidos de esquerda e os partidos de direita democráticos", refere.
Sobre as eleições internas do PS, Francisco Assis considera que o partido deve "evitar o congresso antes das eleições autárquicas" e diz esperar que o PS encontre uma "liderança forte". Assis rejeita que possa vir a ser um dos candidatos à liderança do partido: "É uma ideia completamente excluída."
A coligação encabeçada por Luís Montenegro é a vencedora da noite de 18 maio. Com quatro mandatos por atribuir, PS e Chega estão empatados, com 58 deputados cada. Bloco de Esquerda fica reduzido a Mariana Mortágua, mas Livre cresce. PAN mantém-se vivo, entra JPP na Assembleia da República.