"É tempo para moderação autêntica e firmeza responsável." Montenegro critica Pedro Nuno e aposta na continuidade
Num discurso de mais de uma hora, o líder do PSD enumerou várias propostas: aumentar o salário mínimo e médio, proibir o uso de telemóveis nas escolas até ao 6.º ano de escolaridade, descer o IRC "para um nível competitivo" e a regulação da imigração
Corpo do artigo
O líder social-democrata e primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresentou esta sexta-feira o programa eleitoral da AD - Coligação PSD/CDS — que "tem funcionado tão bem, até parece que são um só partido". As propostas são várias, desde julgamentos mais rápidos para crimes graves, descida do IRC até à regulação do uso de telemóveis pelas crianças. No seu discurso, que durou mais de uma hora, teceu críticas a Pedro Nuno Santos.
Começou por traçar um retrato dos "muito exigentes e desafiantes" tempos atuais: "O mundo mudou, a Europa está posta à prova, a pressão vinda do exterior é enorme. É tempo de termos bem presente o sentido da responsabilidade, do realismo e de fazer prevalecer sempre o interesse coletivo. Mas também é tempo de reconhecermos o seguinte: o mundo mudou e está instável; mas Portugal está bem e recomenda-se."
Montenegro distinguiu Portugal do resto do mundo e justificou: o país teve estabilidade económica, financeira e política, apesar de o Governo não ter maioria absoluta no Parlamento. A junção das forças da oposição para chumbar a moção de confiança, apresentada pelo Executivo, prosseguiu Montenegro, foi o que levou ao início de uma crise política. Ir às urnas no dia 18 de maio é "restabelecer" aquela estabilidade.
Para provar que "Portugal está bem e recomenda-se", o presidente do PSD elencou medidas levadas a cabo pelo Governo, desde as mudanças no regime fiscal para os jovens até o aumento do Complemento Solidário para Idosos. Elogiou a escola pública — "há um ano, estava em polvorosa, agora está em paz" — e o Serviço Nacional de Saúde "está melhor", por exemplo, "a espera para cirurgia é menor hoje que em 2024".
"O tempo não é para aventuras, para impulsos repentinos. É tempo para a moderação autêntica e firmeza responsável. O tempo não é daqueles que se mascaram para a campanha eleitoral. É daqueles que mostraram sempre aquilo que são."
Montenegro recordou que há um ano o criticaram por nunca ter estado no Governo. "Vou ceder nessa análise. Vamos então utilizar o critério do meu oponente", atirou. E, sem mencionar o nome do líder socialista, deixou o juízo final nas mãos dos portugueses, que farão a comparação entre o trabalho de Montenegro como primeiro-ministro e de Pedro Nuno Santos como ministro, "de forma natural".
Depois, para decidir quem ganhará as eleições, resta analisar a equipa e o programa eleitoral, aconselhou também. As propostas da AD são pautadas de "ambição, realismo e responsabilidade". “Não vimos prometer mundos e fundos."
Prometeu, sim, reduzir o IRS, aumentar o salário mínimo e médio, manter o IRS Jovem e o apoio à compra da primeira casa, mais investimento para a Defesa, proibir o uso de telemóveis nas escolas até ao 6.º ano de escolaridade, moderar o uso de redes sociais pelas crianças até aos 12 anos, um "sistema penal com uma resposta mais rápida e ágil", descer o IRC "para um nível competitivo" e a regulação da imigração: “Não podemos aceitar que a imigração se faça sem regras ou termos milhares de pessoas que não se sabe onde estão ou o que estão a fazer.”
E, entre a apresentação das propostas, deixou um desafio a Pedro Nuno Santos: "Diga, com seriedade e rigor: o IRS em 2024 baixou sim ou não?" É uma questão na sequência das acusações do líder socialista sobre os reembolsos do IRS e das alterações nas tabelas de retenção.
Voltando às medidas da aliança que representa, Montenegro destacou igualmente a sua preocupação com os mais vulneráveis: violência doméstica, sinistralidade rodoviária, sem-abrigo e drogas.
"A intervenção vai longa, mas isto é um programa para quatro anos e meio", ironizou. E não terminou o discurso sem antes voltar a atacar Pedro Nuno, mais uma vez, sem mencionar o nome do seu principal opositor.
“É preciso arriscar dando às empresas portuguesas as condições para elas serem rentáveis. Quem vê nisto governar apenas para alguns, é de quem não vê como governar uma empresa. Até fico muito admirado por ouvir isto de quem diz que viveu sempre nas empresas (...) Mas duvido muito que tenha trabalhado nas empresas.”
Já no fim, prometeu "uma campanha esclarecedora" e sempre sorridente.
