Rui Tavares quer Passe de Mobilidade Nacional que abranja vários transportes e alerta que direita é sinónimo de "instabilidade"
A IL assume estar pronta a ir para um Governo liderado por Luís Montenegro se lhe mostrarem “a chave do armário onde está a motosserra”. Rui Tavares também enviou recados aos partidos da esquerda afirmando que falta assumirem claramente a responsabilidade numa alternativa de governação
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O porta-voz do Livre defendeu esta segunda-feira a criação de um Passe de Mobilidade Nacional que abranja vários transportes, desde comboios, autocarros, barcos e táxis para que as pessoas tenham mais liberdade de movimento e façam uso dos serviços disponíveis. Rui Tavares considerou igualmente que se sente uma “enorme acrimónia” nos partidos políticos da direita, alertando que, se ganharem, criar-se-á uma “grande instabilidade” no país.
Naquela que foi a única ação do dia do Livre, no Cais do Sodré, em Lisboa, Rui Tavares chegou de bicicleta, algo que, segundo comentou, acontece muitas vezes nas suas deslocações, nomeadamente para a Assembleia da República.
“Utilizo múltiplos transportes, desde o meu próprio carro, a autocarros, comboios e, sobretudo, bicicleta, tendo, agora, uma doca junto à Assembleia da República, o que facilita muito”, contou.
Para que as pessoas tenham a possibilidade de utilizar os vários meios de transportes disponíveis, Rui Tavares quer criar um Passe de Mobilidade Nacional.
“O objetivo é que o Passe de Mobilidade Nacional não cubra só o modo ferroviário e rodoviário, mas as várias modalidades de transporte, incluindo os barcos e, nas zonas de baixa densidade, os táxis, por exemplo”, explicou.
Nessas zonas, muitas vezes o táxi é o meio de que as pessoas dispõem para irem ao centro de saúde ou à câmara municipal e, portanto, esse meio de transporte pode ser incluído numa solução global, especificou.
Segundo Rui Tavares, que se fez acompanhar da líder parlamentar, Isabel Mendes Dias, na distribuição de panfletos no Cais do Sodré, o propósito é dar liberdade de circulação às pessoas.
Além da criação deste passe, Rui Tavares defendeu ainda o alargamento dos passes multimodais já existentes, nomeadamente incluindo a travessia fluvial Setúbal - Troia no passe Navegante Metropolitano e promover a existência de passes multimodais em cada e entre comunidades intermunicipais.
À chegada, e enquanto abordava por quem ele se cruzava após um dia de trabalho, Rui Tavares encontrou um 'rapper' de nacionalidade brasileira que, de improviso, lhe criou uma música de apoio e lhe deixou um pedido: “Aqui o Rui Tavares e a Isabel, estando chegando às eleições, olha só no dia 18 com certeza na armadilha não caio, sou imigrante, sei que o imigrante para Portugal é muito importante, por isso, vota se você quer ficar Livre, Livre também de toda a ditadura e Livre também do André Ventura”, cantou o 'rapper' que, com isto, arrancou gargalhadas e aplausos à comitiva do Livre.
Enquanto confidenciava que o Livre, em tempos, recolheu muitas assinaturas no Cais do Sodré, Rui Tavares, que contou ainda com a companhia de Francisco Paupério, candidato do partido nas últimas eleições europeias, encontrou uma jovem de 22 anos que lhe garantiu o voto. “O país precisa de uma nova esquerda fazendo, uma nova esquerda todo o sentido”, afirmou.
“Esta direita só existe para, a seguir à primeira oportunidade, entrar em canibalismo profundo"
“Eu creio que na direita sente-se uma enorme acrimónia que dará azo a uma grande instabilidade. Nós vivemos numa situação paradoxal neste momento no nosso país”, afirmou Rui Tavares, enquanto distribuía panfletos a quem passava.
Lembrando que nas últimas eleições legislativas a maioria esteve à direita, o porta-voz do Livre alertou que se essa maioria se repetir haverá uma nova instabilidade no país.
“Porque esta direita só existe para, enfim, a seguir à primeira oportunidade entrar em canibalismo profundo uns partidos com os outros, como aliás vimos com a maneira como Chega e AD [Aliança Democrática] se comportaram durante esta curtíssima legislatura”, atirou.
Além do Chega, Rui Tavares criticou ainda a Iniciativa Liberal por ter baixado a “fasquia da ética” na governação que, considerou, retoricamente estava muito alta há cerca de um ano.
Segundo o líder do Livre, a IL está pronta a ir para um Governo liderado por Luís Montenegro se lhe mostrarem “a chave do armário onde está a motosserra”.
Contudo, Rui Tavares também enviou recados aos partidos da esquerda dizendo que, apesar de concordarem em não privatizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), em querer mais habitação pública e um investimento mais vigoroso na escola pública, falta assumirem claramente a responsabilidade numa alternativa de governação.
“O Livre faz isso, mas seria muito importante que os partidos progressistas e de ecologia dissessem, agora que estamos a pouco menos de duas semanas das eleições, ao que vêm porque é isso que pode mobilizar o eleitorado”, defendeu.
Para que não restassem dúvidas, Rui Tavares insistiu: “Nós estamos prontos para essas alternativas de governação, estamos prontos para essa responsabilidade. O Livre tem-no dito e achamos que se os outros partidos também o quiserem dizer, aí os dados da situação mudam porque o eleitorado se sente muito mais mobilizado.”
Na sua opinião, se a esquerda disser que está pronta para uma alternativa de governação, aqueles votos que se perderam depois do colapso da Geringonça poderão regressar.
Apesar de as sondagens darem uma maioria à direita para as legislativas de 18 de maio, o líder do Livre acredita que pode haver uma mudança e haver mais deputados à esquerda do que à direita, o que dará uma maior estabilidade ao país, concluiu.
