"Culpa é de ambos." Autoridade da Mobilidade e dos Transportes responsabiliza Estado e Fertagus por falta de comboios
Em declarações à TSF, Ana Paula Vitorino, presidente da AMT, explica que uma eventual chegada dos comboios depende sempre do timing da encomenda
Corpo do artigo
A presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) revelou, esta quarta-feira, estar preocupada com o caos que, nos últimos tempos, se tem vivido nos comboios da Fertagus. Em declarações à TSF, Ana Paula Vitorino sublinha que uma eventual chegada dos comboios depende sempre do timing da encomenda.
"É uma responsabilidade deles [da Fertagus], ou seja, o Estado não faz comboios, eles têm de colocar as encomendas exatamente nas alturas certas, sabendo que existe um delay entre o momento de colocação da encomenda e a entrega do material circulante", explica à TSF Ana Paula Vitorino, mostrando "muita preocupação".
"Temos todo um racional de promoção do transporte público entre a margem sul e a margem norte. A Fertagus, desde o seu início, que tem vindo a ser uma referência", refere.
Sobre um eventual motivo para a denúncia do contrato, Ana Paula Vitorino discorda e lembra que existe uma falha também por parte do Estado.
"Existem responsabilidades partilhadas, nem a culpa é do Estado, nem a culpa é da Fertagus. A culpa é de ambos, porque tem a ver exatamente com as questões de financiamento, timings e até de gestão do contrato", acrescenta.
Na segunda-feira, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, considerou "chocante" o modo como os passageiros circulam nos comboios da Fertagus "sem quaisquer condições e como sardinhas em lata" e exigiu uma resolução urgente do problema.
O autarca do Seixal, concelho do distrito de Setúbal com 170 mil habitantes, explicou que tem recebido várias dezenas de queixas, tendo, por isso, solicitado já uma reunião com a administração da Fertagus.
Paulo Silva adiantou que o "funcionamento deficitário da empresa" será também abordado numa reunião que tem agendada com o ministro das Infraestruturas ainda durante esta semana.
Em dezembro, a Fertagus decidiu alterar os horários dos comboios entre as duas margens do Tejo, passando a ter uma periodicidade de 20 minutos nos dois sentidos.
O aumento da oferta do horário de transporte ferroviário entre Lisboa e Setúbal foi anunciado em novembro pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação, no âmbito do alargamento do contrato de concessão da Fertagus por seis anos e meio, até 31 março de 2031.
Até dezembro, a circulação de comboios da Fertagus entre as estações de Setúbal e de Lisboa (Roma-Areeiro) era feita de 30 em 30 minutos nos dias úteis e de 60 em 60 minutos aos sábados, domingos e feriados.
Contudo, os utentes queixam-se que esta alteração não foi acompanhada de um reforço de carruagens, havendo assim relatos de passageiros, de estações dos concelhos de Almada e Seixal (Coina, Fogueteiro, Foros de Amora, Corroios e Pragal), de não conseguirem lugar no horário que habitualmente usavam.
A ligação ferroviária entre Lisboa e a Margem Sul foi inaugurada em 29 de julho de 1999, com o objetivo de retirar carros da Ponte 25 de Abril.
A travessia liga as estações de Roma-Areeiro, em Lisboa, a Setúbal, e conta com 10 estações na Margem Sul e quatro na capital.
