Marcelo tem "apadrinhado o Governo" na Saúde. Idosos criticam Montenegro e dizem que "não podem escolher entre medicamentos e comida"
A ausência de comentários do Presidente da República sobre a pasta de Ana Paula Martins prova que a primeira figura do Estado "não está ao lado da população" e, até com um aumento estrutural das pensões, Portugal estaria "muito longe de chegar ao patamar mínimo da dignidade". Assim foi o Fórum TSF desta segunda-feira
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Durante o fim de semana, Marcelo não quis avaliar a Saúde em Portugal e Montenegro decidiu falar sobre pensões. São temas que mexem com a vida da maioria dos portugueses e, por isso, houve várias reações no Fórum TSF desta segunda-feira: a Saúde é "tema fulcral" nas autárquicas e não fazer comentários sobre isso, a poucos dias da ida às urnas, prova que o Presidente da República "não está ao lado do acesso ao SNS de forma universal, gratuita e de qualidade". Além disso, com "o aumento do custo de vida" e sem pensões dignas, "muitos milhares de reformados estão no limiar da pobreza".
Rui Lázaro, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, não entende a atitude de Marcelo Rebelo de Sousa de remeter para depois das autárquicas uma análise aos problemas no Serviço Nacional de Saúde.
O mesmo responsável questiona a forma como o Presidente da República tem encarado as questões da Saúde, recordando que "há alguns anos" a primeira figura do Estado "recusou" receber estes profissionais numa audiência. Aponta ainda que a pasta de Ana Paula Martins "está na campanha eleitoral, sobretudo nas zonas do país onde o acesso aos cuidados é mais difícil".
"Também sou candidato à Assembleia Municipal de Moncorvo, de onde sou natural, e ontem [domingo], na apresentação, a Saúde foi tema fulcral. Todos os candidatos das regiões mais desfavorecidas, onde os seus munícipes têm um acesso mais difícil aos cuidados de saúde — não só de emergência médica, mas também de saúde generalista — incluem, nos seus programas, propostas que visam de alguma forma complementar aquilo que o Serviço Nacional de Saúde não consegue fazer no interior, aproximando não só as consultas de especialidade, mas também os exames complementares de diagnóstico."
Nesta linha, a presidente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá, acusa Marcelo Rebelo de Sousa de "não estar ao lado da população, nem do acesso ao SNS de forma universal, gratuita, de qualidade". Contudo, e tendo em conta "como funciona a política aqui em Portugal", a atitude do chefe de Estado não a "espanta".
No mesmo sentido, em tom crítico, a presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados, Maria do Rosário Gama, não poupa o Presidente da República: "Ele tem apadrinhado este Governo de uma forma absolutamente descarada."
Nestas declarações no Fórum TSF, Maria do Rosário Gama também critica o primeiro-ministro. Luís Montenegro prometeu que no próximo Orçamento do Estado haverá novo aumento do Complemento Solidário para Idosos e, caso exista folga, voltar a dar “a meio do ano” um suplemento às pensões mais baixas.
A representante defende que o que é preciso são aumentos permanentes e não suplementos, indicando que "mesmo de forma definitiva ainda ficamos muito longe de chegar ao patamar mínimo da dignidade".
Esta é também a posição de Isabel Gomes, da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos: o que as pessoas precisam é de pensões dignas. "A situação dos reformados continua a degradar-se num quadro em que o aumento do custo de vida coloca muitos milhares de reformados no limiar da pobreza", diz. E "se houver dinheiro", prossegue, a representante não entende porque se fica pelos "pequenos subsídios" e não se vai mais longe.

