PSP terá "tolerância zero com desordem de grupos criminosos". Carro de homem morto na Amadora "não era furtado"
"Todas as entidades estão a trabalhar em uníssono de modo a garantir a segurança e a tranquilidade pública das pessoas de bem", afirma o diretor nacional da PSP
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A Polícia de Segurança Pública (PSP) avisa que terá "tolerância zero" com "atos de desordem ou destruição" que têm vindo a ser praticados em vários bairros da Área Metropolitana de Lisboa.
"É importante salientar que repudiamos claramente e teremos tolerância zero com qualquer ato de desordem ou destruição praticados por grupos criminosos, que, apostando em enfrentar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança das autoridades, executam ou têm vindo a executar as ações que têm apreciado", disse, em conferência de imprensa, o diretor nacional da PSP, Pedro Gouveia.
Sobre a viatura, o comandante metropolitano de Lisboa, Luís Elias, garante que era do homem que morreu, Odair Muniz: "Eu não sei onde é que foram buscar essa informação de que a viatura era furtada. A viatura não era furtada. A viatura era do próprio. Apenas o comportamento pareceu suspeito aos agentes, daí a sua intervenção."
Segundo o líder da autoridade de segurança, "todas as entidades estão a trabalhar em uníssono de modo a garantir a segurança e a tranquilidade pública das pessoas de bem", deixando "uma nota de pesar e condolências à família e amigos do falecido".
"As circunstâncias que resultaram na morte do cidadão estão em segredo de justiça, estão a ser investigadas e, como não podia deixar de ser, a polícia não deixa de respeitar aquilo que a lei determina e acatará as conclusões desse inquérito", garante o diretor nacional da PSP.
Pedro Gouveia apela à tranquilidade e diz que os atos de manifestação que estão a ser feitos são "ilegais", afirmando que as populações dessas zonas "estão reféns de grupos criminosos".
Questionado sobre a entrada das forças policiais na casa da família de Odair Moniz, o diretor nacional da PSP diz que "o que se passou foi uma intervenção inicial num outro prédio", onde foi pedido "apoio para uma criança que estava a precisar de apoio médico". À saída, "no prédio da pessoa que faleceu, havia um conjunto de pessoas lá aglomerada e a polícia interveio para que as pessoas entrassem para dentro da habitação", tendo "entrado no átrio dentro desse prédio", garantindo que a polícia "nunca entrou em nenhuma habitação".
Pedro Gouveia "prefere aguardar o resultado das investigações", de forma a "não criar ruído". Sobre as alegações da falta de experiência dos polícias que estiveram no caso, o diretor nacional da PSP afirma que todos tiveram a mesma formação e que a idade não determina se podem ou não patrulhar em certas zonas.
Luís Elias fez o balanço da situação: até ao momento, houve três detenções, mas "várias dezenas de indivíduos prestes a ser identificados no âmbito de investigações em curso"; dois polícias feridos e duas viaturas policiais danificadas, "uma das quais com disparos de armas de fogo". Regista-se ainda dois autocarros da Carris roubados e incendiados; dois cidadãos passageiros de um autocarro vítimas de ofensa à integridade física" através de arma branca". A finalizar, destacou o mobiliário urbano danificado, como caixotes do lixo.
Dentro daquilo que está a ser o reforço do dispositivo da PSP, estão a ser utilizados drones.
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria a isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.