AD responsabilizada pela crise. Maioria defende que Aliança ou PS devem governar (mesmo em minoria)
A sondagem da Pitagórica para TSF-JN-TVI-CNN Portugal expressa um desejo de estabilidade por parte dos inquiridos quando defendem que AD e PS devem permitir que o outro governe, mesmo sem maioria. AD apontada como “maior responsável” pelas eleições antecipadas
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Se já tinha ficado claro que a maioria dispensava ir novamente a votos, agora o mesmo desejo de estabilidade ressalta quando se pergunta, em caso de vitória sem maioria, seja da AD ou do PS, qual deve ser a atitude do adversário. Nos dois casos, a maioria defende que devem ser dadas condições de governabilidade.
61% consideram que, no caso de uma vitória do PS, mas com mais deputados à direita, o PSD deve permitir que Pedro Nuno Santos governe, sendo que até metade do eleitorado da AD concorda. No geral, 32% discordam.
Já no cenário de Luís Montenegro e a AD ganharem as eleições, mas o Chega recusar-se a apoiar esse Governo, os valores são ainda mais elevados: 77% consideram que o PS deveria permitir um Governo de Montenegro (incluindo a grande maioria dos eleitores do PS), contra estão 17%.
Ainda nesse cenário de uma vitória da AD, mas com a recusa do Chega de viabilizar um Governo liderado pelo atual primeiro-ministro, as opiniões dividem-se: 49% defendem que o PSD deve apresentar outro candidato a primeiro-ministro, outros 45% preferem que o partido insista no nome de Luís Montenegro.
E se o líder do Chega tem afirmado a ambição de vencer as eleições, a maioria dos inquiridos (60%) considera que a AD não deve permitir que André Ventura seja primeiro-ministro.
Nas relações entre Ventura e Montenegro, 57% consideram que o Chega fez bem em avisar que não apoia o primeiro-ministro e outros 43% até concordam com a decisão de Ventura.
Por outro lado, uma maioria expressiva (73%) concorda com a posição já expressa por Luís Montenegro de não governar com o Chega, sendo que, entre eles, 44% expressam total concordância. Apenas 17% discordam.
Quando se questiona sobre a responsabilidade pela crise, a AD surge no topo da lista (46%) e 70% defendem que era responsabilidade do Governo ter retirado a moção de confiança para evitar eleições.
Na lista dos “responsáveis” pela crise política, 28% apontam para o PS. Com menor expressão, os inquiridos responsabilizam o Chega (8%), todos os partidos (8%) e o Presidente da República.
Existe uma divisão clara entre quem defende que o PS deveria ter viabilizado o Governo para evitar eleições (48%) e outros 47% que consideram que não. Analisando os eleitorados, constata-se que metade de quem votou na AD responsabiliza o PS, enquanto 63% do eleitorado socialista culpa a AD.
60% isentam o Chega de responsabilidades, 33% consideram que o partido de André Ventura é responsável pela crise política.
Quando se pede uma avaliação da forma como os partidos se comportaram durante este processo, a Iniciativa Liberal, que votou a favor da moção de confiança apresentada pelo Governo, é o partido que melhor avaliação recebe e o único em terreno positivo.
De resto, mesmo PSD e CDS, que estão logo a seguir, têm saldo negativo entre as opiniões favoráveis e as críticas. Os mais penalizados nesta avaliação são Chega e PCP, os dois partidos que apresentaram moções de censura ao Executivo.
Ficha Técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TSF, JN e TVI, CNN Portugal, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 24 e 29 de março de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores Portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1626 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 61,50%. As 1.000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.