Só dá para molhar o pé. Vento Oeste é responsável por água do mar no Algarve estar fria

Por estes dias, só os mais corajosos conseguem entrar no mar. No Algarve, a água tem estado muito fria, com temperaturas entre os 17 e os 19 graus, e não convida a um mergulho. E, embora estejamos já em meados de julho, a situação não muda. Há uma explicação científica para esta situação: deve-se a um fenómeno chamado "upwelling" ou "afloramento costeiro".

"Se estiver vento de Oeste as águas de fundo vêm à superfície e elas são mais frias. É um fenómeno bem conhecido e que a física explica", afirma à TSF o investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, Paulo Relvas. Explica ainda que este fenómeno acontece no Sul quando sopra durante algum tempo vento de Oeste, assim como o Vento Norte provoca a mesma situação na Costa Oeste do país.

No entanto, a temperatura da água do mar no Algarve é muito volátil. Ela pode mudar em poucas horas. "Este regime de águas frias alterna com a vinda de água quente do lado leste, do lado de Espanha (...) e que pode provocar variações na água do mar de quatro a cinco graus num dia e meio", garante também. São correntes que vêm do Golfo de Cádis. "Por isso, é que tradicionalmente a água no Algarve é mais quente no lado de Montegordo, junto à fronteira com Espanha do que do lado de Lagos", conta.

Mas todos os senãos têm o seu lado positivo. Se as águas frias não convidam a um mergulho, são boas para trazer mais peixe às redes dos pescadores. A sardinha, por exemplo, é uma espécie que gosta de águas mais frias.

"Essas águas de fundo são ricas em nutrientes", sublinha o professor universitário. Quando vêm à superfície e são expostas à luz, formam fitoplâncton e zooplâncton, necessários ao alimento dos cardumes. "As águas frias não são boas para os turistas, mas enfim...", diz a sorrir o investigador.