Reportagem TSF na Alemanha. Francesinhas à porta do Geórgia-Portugal (algumas com chantilly)
Bem perto do estádio de Gelsenkirchen, fala-se todos os dias a língua portuguesa num restaurante que serve francesinhas ao gosto dos portugueses e dos alemães
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Gil não tem tempo para falar com a TSF. À cozinha chegam pedidos, quase de minuto a minuto. "Mais quatros francesinhas!", exclama Elisabete, a mulher de Gil. Gil quase não tem tempo para respirar. É véspera do jogo de Portugal e as francesinhas estão a sair a um bom ritmo no "Bei Gil". O restaurante está cheio, já só sobram alguns lugares em pé ao balcão, de frente para alguns barris de vinho e para três cachecóis de Portugal estendidos junto a uma prateleira cheia de copos de vidro. Mesmo ao lado, estão mais dois cachecóis: um do FC Porto, outro do Schalke 04, clube da cidade de Gelsenkirchen.
Elisabete e Gil têm este estabelecimento há 34 anos. Numa das paredes, vê-se um cartaz oficial alusivo à final da Liga dos Campeões de 2004, entre FC Porto e Mónaco, conquistada pelos dragões na Arena de Gelsenkirchen. O casal não se esquece desse momento, marcante também para o restaurante. "Fizemos festa na rua, quem cá esteve sabe, foram 500 quilos de sardinhas... e mais salsichas e mais bifanas, foi o fim do mundo. É algo que nunca mais se esquece na vida", comenta Elisabete, apontando com orgulho para o cartaz.
Entretanto, Gil consegue escapar-se por momentos da cozinha para falar com a TSF e explicar porque é que há duas "espécies" de francesinhas no menu. "Temos a francesinha à moda do Porto e temos a minha francesinha que eu inventei, que é um bocado diferente. Leva, por exemplo, chantilly. Os portugueses não gostam, mas os alemães adoram o chantilly." Na cozinha, é a autêntica confusão. Há centenas de pratos amontoados, pratos a serem preparados e outros prontos para saírem para as mesas. Maria João, a outra cozinheira, só tem tempo para dizer: "Eu sou do Porto, cidade e clube, mas agora o que interessa é a seleção!"
Há dias em que saem "30 ou 40 francesinhas", mas há outras iguarias que os alemães procuram neste restaurante português. "Medronho também, que é, claro, Algarve, é muito procurado pelos alemães. E sardinha assada, biqueirão, sai tudo. Eles gostam é de peixe... em casa não cozinham por causa do cheiro. Então vêm ao português comer o peixinho", diz Elisabete.
Esta quarta-feira, no dia do jogo entre Geórgia e Portugal, não vão fazer francesinhas. O restaurante vai estar cheio e para serem mais eficientes, apenas vão para o prato bifanas e pregos. Nada que afaste a alegria e espírito positivo de quem acredita em mais uma vitória de Portugal neste Europeu.