Novos cursos de Medicina são "demagogia pura". Sindicatos acusam Montenegro de não resolver problemas
À TSF, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Nuno Rodrigues, sublinha que são necessários 12 anos para formar um especialista. Já João Proença, da Federação Nacional dos Médicos, quer, antes de mais, "coragem política para investir no pagamento correto do salário base dos médicos".
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou na quarta-feira a abertura de dois novos cursos de Medicina nas Universidades de Évora e de Trás-os-Montes, visando compensar as aposentações dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Estruturas sindicais ouvidas pela TSF fazem um ponto de situação das medidas apresentas na Festa do Pontal, que marca a rentrée do PSD: novas vagas é "demagogia pura", já que o essencial é, por exemplo, "explicar como manter os recém-especialistas no SNS".
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Nuno Rodrigues, não se opõe à criação de mais vagas, desde que "haja condições", ou seja, que esteja garantida a qualidade da formação e o rácio de orientador por aluno. Levanta dúvidas sobre o cumprimento destes critérios, por exemplo, em Évora, onde, há pouco tempo, a unidade de Medicina Interna estava com constrangimentos.
Se há circunstâncias favoráveis, a abertura dos cursos é bem-vinda, salienta Nuno Rodrigues. Contudo, ressalva: "Não será isto, naturalmente, que vai resolver o problema. O que vai resolver o problema é a fixação. E recordo que estes alunos que entrarem só daqui a 12 anos é que serão especialistas. Alguns deles. Portanto, senhor primeiro-ministro, pode fazer estes anúncios, mas também explicar como vai captar e manter os recém-especialistas no SNS."
Por sua vez, o vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), João Proença, acusa o Governo de "demagogia pura" ao fazer tal anúncio. O responsável quer, antes de mais, "coragem política para investir no pagamento correto do salário base dos médicos, de não ultrapassar as 150 horas de urgência e os concursos sejam abertos a nível nacional, de forma célebre e equitativa".
Falar em corporativismo é "balela política"
Na intervenção em Quarteira, no distrito de Faro, Luís Montenegro criticou a "visão demasiado corporativista" da classe médica, "que não tem contribuído em algumas circunstâncias para que os profissionais de saúde e, em particular, que os médicos, estejam no Serviço Nacional de Saúde".
Por sua vez, João Proença realça que falar em corporativismo é "contar uma balela política quando não se consegue encontrar uma alternativa". Anunciar medidas, "que nunca vão ser aplicadas nos próximos cinco anos", mostra "falta de competência para resolver os problemas atuais da Saúde".
