“Temos o dever de nos recriar.” Marcelo lembra que “ninguém é mais puro e mais português do que qualquer outro”
No seu último discurso como Presidente da República no 10 de Junho, Marcelo sublinha que “recriar Portugal” é a “primeira obrigação neste novo ciclo” e elogiou Ramalho Eanes: "Merece como ninguém o primeiro grande colar da Ordem Militar de Avis"
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Marcelo Rebelo de Sousa considerou, esta terça-feira, que Portugal tem o “dever de se recriar” e de “cuidar melhor” de quem está a ficar para trás, dos compatriotas, da fraternidade dos povos e da pertença na Europa. O chefe de Estado lembrou ainda que “não há portugueses puros”.
Temos o dever de nos recriar, de nos ultrapassar, cuidar melhor da nossa gente para que seja mais numerosa, mais educada, mais atraída a ficar nesta pátria feita de um retângulo e dois arquipélagos. Cuidar dos que já ficaram para trás ou estão a ficar. E são sempre entre dois e três milhões e são muitos há muito tempo, regime após regime, situação após situação, intoleravelmente são muitos, são demais. Cuidar dos nossos compatriotas que todos os dias criam Portugal por todo o mundo
"[Há que] cuidar da fraternidade com os povos e os estados que como nós falam português e fazem do português uma grande língua mundial. Cuidar da nossa pertença na Europa, unida, aberta, que acredita em valores humanos, de dignidade, respeito pelas pessoas, seus direitos e deveres, sua pluralidade de cultura e de vida", acrescentou.
No seu último discurso como Presidente da República no 10 de Junho, Dia de Portugal, o chefe de Estado descreveu os portugueses como uma mistura de povos e recordou que “não há quem possa dizer que é mais puro e mais português do que qualquer outro”, sublinhando que “recriar Portugal” é a “primeira obrigação neste novo ciclo”.
Este recriar Portugal é a nossa obrigação primeira neste novo ciclo da nossa história, 50 anos depois de termos chegado à democracia, à liberdade, aproximamo-nos dos 900 anos dessa história. Ainda e sempre em tempo de evocar Camões. Ele, que é o único escritor e poeta, nos 194 países, que define o dia nacional
Esta mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa tinha sido também deixada antes pela escritora e conselheira de Estado Lídia Jorge, presidente da comissão organizadora destas comemorações do Dia de Portugal, realizadas na cidade algarvia de Lagos. "Aqui, neste lugar simbólico de tanta História feita e a fazer, como nos contou Lídia Jorge, uma das maiores destes tempos, aqui somos chamados a recordar, a recriar e a agradecer", afirmou o chefe de Estado.
Ao "recordar os quase 900 anos da pátria comum", Marcelo Rebelo de Sousa expressou "orgulho naqueles que a fizeram, vindos de todas as partes: gregos, fenícios, romanos, germânicos, nórdicos, judeus, mouros, africanos, latino-americanos e orientais".
E desde as raízes, lusitanos, lioneses, borgonheses, gauleses, saxões, os mais antigos aliados políticos. Recordar esses e muitos mais que de nós fizeram uma mistura, em que não há quem possa dizer que é mais puro e mais português do que qualquer outro
Marcelo Rebelo de Sousa argumenta ainda que “somos portugueses porque somos universais e somos universais porque somos portugueses”: “Recordar as guerras que ganhámos e as que perdemos, as epopeias que vivemos e os seus combatentes, desde há mais de cinco séculos, mas também o que errámos, em continente e oceanos. Recordar que tudo isto e muito mais definiu o que somos: resistentes, criativos, heróis nos momentos certos, de conviver com todos, de fazer, construindo pontes no dia a dia.”
Marcelo condecorou, esta terça-feira, Ramalho Eanes com o grande-colar da Ordem Militar de Avis. No seu discurso, aproveitou a oportunidade para elogiar o antigo chefe de Estado. “Merece como ninguém o primeiro grande colar da Ordem Militar de Avis, cujas insígnias terei a honra de entregar neste dia maior da nossa pátria, homenagem a este homem e ao seu percurso como militar e cidadão. Homenagem às Forças Armadas portuguesas, homenagem ao povo português, homenagem a Portugal."