Cem anos de Mário Soares: "herói do futuro" que assumiu papel "decisivo" e a "distinção" entre "moderado e radical"
Mário Soares, que faria este sábado 100 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história contemporânea portuguesa, sendo fundador do PS após combater o regime do Estado Novo
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O deputado da IL Rodrigo Saraiva começa por fazer um "balanço positivo" da atuação política de Mário Soares, afirmando que, "em momentos fundamentais", o político esteve "mesmo do lado certo".
Num discurso em que começa por reconhecer que "todas as grandes personalidades criaram luzes, mas também sombras", sublinha que Mário Soares "não é exceção", já que tinha "virtudes e defeitos".
Elogia por isso o seu papel no combate ao Estado Novo, a fundação do PS e a sua ação durante o Verão Quente de 1975. Considera mesmo que o socialista "deixou bem claro que o PCP e a extrema-esquerda não tinham o monopólio da rua e da palavra".
Mário Soares era, sobretudo, "um democrata" e, por isso, foi com ele que Portugal aprendeu que "liberdade não tem donos e a democracia não pode ter medo de enfrentar os seus inimigos".
Reconhece ainda o seu papel no 25 de Novembro de 1975, um dia que diz ter "reconduzido" o espírito de Abril.
Lamenta, no entanto, a descolonização levada a cabo pelo antigo Presidente, sobretudo na gestão dos assuntos de Macau, com "aspetos que suscitaram dúvidas".
"Macau, uma sombra que a muitos foi útil", destaca.
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, afirma que "Mário Soares não é uma figura histórica. Não faz parte do passado. É presente e está bem presente". Propõe, por isso, que o busto do socialista seja colocado na Sala do Senado, em 2025, já que "preservar o seu legado é uma necessidade do próprio sistema político".
"Lamento se arrisco contrair alguém, mas Mário Soares não é uma figura histórica. Não faz parte do passado. É presente e está bem presente em tudo o que fazemos e dizemos hoje", atira, ao mesmo tempo que corrige o discurso que fez no 25 de novembro deste ano, onde disse que "Soares era fixe". Por estar presente na vida política do país, "Soares é fixe".
Aguiar-Branco recorda a convicção de Mário Soares de que a sala da Assembleia da República "era, é e tem de ser a solução" para as desavenças. Afirma que o socialista "nunca deixou de assumir as suas decisões e as consequências das mesas, com coragem e sentido de responsabilidade, uma boa prática que foi caindo em desuso no nosso tempo".
Por ter a capacidade de sentar todos na mesma sala, para que concordem, discordando, o presidente do Parlamento sublinha que preservar o legado de Soares "não é uma questão de estima pessoal. É uma necessidade do próprio sistema político".
Lembra, por isso, que as ações de hoje também ditam se Soares "será futuro", pelo que anuncia que já se iniciaram os serviços para existir um busto de Mário Soares na Assembleia da República em 2025.
"Sei que apreciaria o gesto", refere, acrescentando que "toma a liberdade" para sugerir o local onde deve estar exposto: na sala do Senado, "que precisa de alguém laico, republicano e até socialista".
"Por uma questão de equilíbrio, é o último serviço ao país que lhe pedimos", conclui.
Lembra a data em que Sá Carneiro foi homenageado na Assembleia da República: apesar de Soares ser, na época, "uma força de bloqueio aos Governos de Cavaco Silva, achou mais importante homenagear Sá Carneiro do que marcar posição no xadrez político da ocasião", elogia.
Aponta ainda que, "em algumas sociedades, acredita-se que o homem viverá o tempo em que for lembrado" e explica que "lembramos para não esquecer, lembramos para manter vivo o legado".
O antigo Presidente "combateu a ditadura em nome do socialismo" e "sempre soube que a Europa era o lugar certo para Portugal", procurando também para si um "lugar europeu de destaque".
Nota ainda, além do bom "sentido de humor", o sentido de Estado do socialista, afirmando que apesar de muitos lhe apontarem contradições, este foi "muito mais do que fiel da balança, foi um pêndulo".
"Durante o Estado Novo, Mário Soares sonhou, desenhou e escreveu um Portugal bem diferente. E, meu Deus, como o fez. A minha evocação a deus é mesmo para provocar o seu espírito mais laico", confessa.
Para encerrar a sessão solene que lembra Mário Soares, intervém agora o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Uma “personalidade contemporânea e singular” e “um dos pais fundadores do sistema político português”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra “as qualidades” de Soares e as causas que abraçou, como “a coragem ilimitada” e a “visão antecipadora do futuro”. Aproximou também “o poder das pessoas” quando foi Presidente da República.
Foi, muitas vezes, “o melhor”, o que lhe “valeu mais de 68% por cento nas eleições”, algo que mais ninguém conseguiu até hoje. A verdadeira razão “de ter sido singular” é fácil de entender, diz Marcelo, já que Soares “marcou tudo ou quase tudo o que foi decisivo em Portugal”.
Marcelo lembra que é “esta vida singular e irrepetível que hoje evocamos”: “Vários dos presentes foram seus apoiantes e outros seus adversários. Uns concordavam na íntegra, outros discordavam na íntegra”. O Presidente da República lembra também Maria Barroso, que sempre o acompanhou.
“Sem ele, não seria possível uma sessão evocativa tão livre como a de hoje”, insiste o Presidente, respondendo a algumas das críticas ouvidas ao longo da sessão.
O Presidente da República termina com a garantia de que “Portugal nunca esquecerá Mário Soares”.
“Apostou na moderação e, frustrado o spinolismo, intui a missão do grupo dos nove. Conduziu um novo frentismo civil, da frente esquerda à direita e culminou no 25 de Novembro”, lembra o Presidente.
Soares “confluiu à esquerda em matéria económica e social” e assinou o tratado para a adesão de Portugal à então CEE. Marcelo lembra que, no dia seguinte à vitória nas presidenciais, “começou a criar pontes com os portugueses”, apesar de ter vencido contra uma “direita unida” em Freitas do Amaral.
“Projetou Portugal na Europa e no mundo, com orgulho nacional e visão. Sempre tolerante, ou seja, sempre democrático”, acrescenta.
O deputado do PSD António Rodrigues diz que "recordar Mário Soares é celebrar Abril" e defende que, numa época "em que o descrédito alimenta a atividade política", o socialista "estaria na linha da frente do combate contra os radicalismos que assolam o país".
"Um verdadeiro animal político", o cofundador do PS é uma "das maiores personalidades da nação das últimas décadas". O social-democrata destaca que este era um homem de "convicções e ideias, que nunca deixou de traçar as suas linhas vermelhas". Destaca ainda a sua luta contra "radicalismos da esquerda e da direita" e reconhece que o antigo Presidente é um "inabalável construtor da democracia, que até ao fim dos seus dias serviu Portugal".
Atira ainda ao Chega, criticando a exposição de tarjas nas janelas da Assembleia da República, na semana passada, e conclui: "Mário Soares estaria na linha da frente do combate contra os radicalismos que assolam o país e, em particular, contra todos aqueles que querem tornar este Parlamento numa mera política de espetáculo."
Considera que estas atitudes demonstram a "fragilidade da sua intervenção política", sujas ações mais não são do "que fumaça".
Aponta ainda que Mário Soares "enganou-se muitas vezes", mas lutou sempre "por um Portugal livre de amarras". Este foi um político que nunca "quis ser consensual".
O socialista lembra os cargos que Soares ocupou depois da ditadura, “cargos públicos tiveram um princípio e um fim”, embora “o seu pensamento, a sua ação política e os resultados dessa ação” perdurem.
Pedro Nuno Santos cita Marcelo Rebelo de Sousa para sublinhar que Mário Soares “não é um herói do passado, mas sim do futuro”. Aponta aos que procuram depurar o “verdadeiro Soares”: “Distinguem, no fundo, o verdadeiro “Soares moderado” do “Soares radical”.
Na opinião do PS, “Mário Soares esteve sempre do lado certo das lutas em que tomou parte” e foi também “o principal vencedor civil e político do 25 de Novembro, nunca hesitou sobre as datas mais importantes da Revolução”.
E contra várias vozes que já se ouviram nesta sessão, Pedro Nuno Santos diz que “Soares esteve também do lado certo na prioridade dada ao processo de descolonização”, assim como “do lado certo na convicção que a consolidação democrática exigia a rápida adesão de Portugal à CEE”.
Esteve também “do lado certo”, acrescenta Pedro Nuno Santos, “na crítica feroz à austeridade imposta aos Portugueses durante o período da troika”.
“Se, aos olhos de muitos, entrou em contradição ao longo do tempo, a minha convicção é a oposta. É minha convicção que o Mundo mudou, nestas décadas, muito mais do que Mário Soares – e que as inflexões no seu posicionamento resultam mais dos efeitos do pêndulo da História do que de incoerências no seu pensamento”, acrescenta.
Pedro Nuno Santos sublinha que “não existe contradição entre o Soares que lutou contra a hegemonia comunista em 1974-75 e o Soares que, 30 anos depois, criticava a hegemonia neoliberal, que tantas vezes denunciou ter colonizado o socialismo democrático”.
Pedro Nuno Santos rejeita, assim, a “contradição entre o Soares moderado e o Soares radical”.
"Quero dizer que nós, os seus camaradas, temos um orgulho imenso no legado que nos deixou e que tudo faremos para o honrar. Também nós nunca seremos vencidos, porque nunca desistiremos de lutar", conclui.
Para a última intervenção partidária, sobe ao púlpito o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos. Mário Soares era a “sua referência política, o político português que mais admirava e com quem se identificava”, conheceu-o pessoalmente em 2005.
Lembra que Soares “não precisava daquele último combate eleitoral”, quando decidiu candidatar-se a Belém em 2006, “e o mais provável era não o vencer”: “Mas entendeu que tinha esse dever e foi candidato uma vez mais”.
Pedro Nuno Santos dirigiu a campanha jovem da candidatura presidencial e entregou-se “o mais que pode a uma campanha que não se previa fácil: as pessoas gostavam muito de Soares e estavam gratas por tudo o que tinha feito, mas a idade era um tema difícil de ultrapassar”.
“Feito o escrutínio, sofremos uma pesada derrota, com 14% dos votos. Soares convocou o núcleo duro da campanha para um encontro no dia seguinte. Eu, e creio que como todos, fui deprimido para a reunião. A derrota era provável, mas ninguém esperava um resultado tão baixo. Estávamos todos acabrunhados e a carpir mágoas. Todos menos um. O Dr. Soares estava animado, positivo e só falava do futuro. A sua preocupação era animar-nos e que nos focássemos no futuro e nas lutas seguintes”, revela.
O líder do PS fala em duas grandes lições de Soares, a primeira foi o real sentido da frase “só é vencido quem desiste de lutar”. E a segunda: “Não há idade de reforma para a intervenção política”.
Pedro Nuno acrescenta ainda uma terceira lição, “a de que a vida política de Soares vale como um todo”, deixando o aviso a todos os partidos: “Para a avaliar, não podemos escolher o período que mais nos convém ou mais nos agrada, de acordo com a conjuntura do momento ou a posição que queremos defender”.
O deputado do PCP António Filipe reconhece divergências dos comunistas no "caminho a seguir da revolução" com Mário Soares, mas destaca "relação de respeito mútuo"
"Um confronto que foi assumido com frontalidade, marcado pela coerência das nossas posições, e pautada por relações de respeito mútuo", afirma.
Assume que o PCP tem no político a "sua referência maior", numa ação política comum "contra o fascismo". Ainda assim, apesar de reconhecer a sua participação na "luta antifascista", lamenta "o papel negativo" para "travar a revolução".
"Reconhecemos o advogado que defendeu dirigentes comunistas, mas não apaga o que nunca silenciamos na crítica ao papel negativo que Mário Soares assumiu para travar a revolução", critica.
Mário Soares foi também protagonista de uma “luta antifascista” e de um “movimento de unidade democrática”. Lamenta, no entanto, que a tenha contribuído para a inviabilização do PREC e que tenha procurado apoio nas forças de direito e em quem, no estrangeiro, “conspirou contra Abril”.
Durante o percurso político do socialista, estiveram mesmo “em campos diametralmente opostos”, O PCP, diz, “assumiu uma frontal oposição aos Governos” liderados por Mário Soares, assumindo um combate na rua contra os “ataques aos direitos dos trabalhadores”.
No entanto, em 1986, os comunistas votaram em Soares para Presidente, numa altura em que se temia um passado recente. António Filipe conclui, contudo, que esta “foi uma decisão acertada”.
André Ventura sobe agora ao púlpito e começa por lembrar “o homem que lutou também contra uma ditadura comunista e deu os primeiros passos de Portugal na UE”. No entanto, na opinião de Ventura, “esta cerimónia não devia estar a acontecer”.
Para Ventura, Soares pertencia também ao grupo dos “donos disto de tudo” e “à sombra de Soares muitos empobreceram e muitos ficaram com dinheiro do Estado”. O líder do Chega diz que, com Soares, o “espírito do PS apoderou-se do poder”.
Ventura diz que Soares, apanhado em alta velocidade, disse: “Não se preocupem, o Estado paga”. Algo que, acrescenta, “não podemos aceitar”. Ventura lembra também a visita de Soares a José Sócrates quando o antigo primeiro-ministro estava preso em Évora.
Críticas também à descolonização, com Ventura a acusar Soares de abandonar os portugueses que lá viviam e de “atirá-los aos tubarões”. “Basta ver que a descolonização deixou marcas”, acrescenta, dando o exemplo dos conflitos atuais em Moçambique.
“Falhámos aos retornados, aos antigos combatentes, e Mário Soares também é responsável por isso mesmo”, atira.
André Ventura fala também num "legado profundamente negro" e a acusar de Soares de "falhar" por Portugal.
Pelo Bloco de Esquerda, sobe ao púlpito o deputado José Soeiro, lembrando que Mário Soares captava grande parte do eleitorado, citando-o: “Já toda a gente votou em mim, já toda a gente votou contra mim”. Soeiro lembra “um Presidente que defendeu “o direito à indignação” quando o povo bloqueou a ponte 25 de abril, no fim do cavaquismo”.
"Com Soares e contra Soares, é sempre uma forma de partir de Soares. E é porventura o modo elevado de reconhecimento que merece um político como Soares: cem anos depois de ter nascido, continuarmos a discutir com ele", conclui.
Tenho idade suficiente para guardar uma outra memória, mais viva, de um Mário Soares que, muito depois de ter sido presidente eleito com mais de 70% dos votos, renunciou ao conforto, ao consenso, à suposta pacatez da idade e do estatuto e se mobilizou, a chegar aos 80 anos, contra a cimeira das Lages e contra guerra do Iraque, que considerou um “crime irreparável”. Contra Bush, Durão, Aznar e Blair, o líder da terceira via a quem chamou “um vigarista”, lembra.
Soeiro recorda também o papel de Soares “contra a política da Troika, contra o governo de Passos e a subserviência de Cavaco, então presidente”. Que criticou o “neoliberalismo podre”, a “finança que mata”.
Mário Soares foi também “um dos maiores protagonistas da política portuguesa e marcou-a indelevelmente, além de combatente antifascista”. O BE faz o contraponto já que “aliou-se com a esquerda e opôs-se à esquerda, privatizou e criticou as privatizações, liberalizou e criticou o liberalismo, precarizou o trabalho e criticou a precariedade”.
“Não se importava que não gostassem dele. Ia em frente, seguia a intuição, disputava a relação de forças e a hegemonia, foi corajoso e livre. Teve os melhores e os piores amigos. Acertou e errou, como todos os seres humanos. Venceu e foi derrotado. Lutou com convicção, indignou-se e nunca pediu desculpa por ser político, e por viver intensamente a política”, reforça o deputado.
José Soeiro lembra também o papel de Soares para que Portugal reconhecesse os dois Estado no conflito de Israel contra a Palestina.
O deputado do CDS João Almeida reconhece o "contributo positivo" de Mário Soares para a democracia, mas destaca as "centenas de milhares de portugueses vítimas do seu maior erro político": uma "descolonização apressada e irresponsável".
Afirmando que a vida política é pautada por "erros e virtudes", João Almeida nota a "importância" do antigo Presidente "na derrota do comunismo" em 25 de Novembro de 1975, sem esquecer aquilo que apelida como um "erro" no que diz respeito à descolonização, afirmando que milhares de portugueses tiveram de fugir das colónias africanas.
Defende também que em "democracia não há inimigos, mas adversários" e que "campos opostos nunca impediram cordialidade". Foi "nestes termos" que Mário Soares subiu ao poder. Elogia a "rápida intervenção europeia" impulsionada pelo antigo chefe de Estado.
Insiste no seu "contributo decisivo e convicto para a democracia" portuguesa, bem como o "combate à extrema-esquerda e as suas intenções totalitárias", evitando os seus "desvarios ruinosos".
Nota que, com Mário Sares, "nunca houve maiorias construídas à esquerda do PS".
Paulo Muacho, do Livre, recorda a memória de Mário Soares como “advogado, político e antifascista”, mas também “o homem que nunca trabalhava para ser louvado”. Para o Livre, Soares “é um político do futuro e não do passado”.
Mário Soares “foi determinante” para a adesão de Portugal à União Europeia, e achava que “a União Europeia podia ser muito mais” para garantir a posição de Portugal no mundo: “Sobretudo nos momentos mais sombrios, Soares acreditava numa Europa unida”.
O Livre fala de futuro também “para a redução da semana para quatro dias de trabalho” porque “tal como Soares, sabemos que não vivemos só para trabalhar”.
“Não sabemos com Soares se sentiria hoje a ver o estado da nossa política. Logo ele que tentou ser o Presidente de todos os portugueses. De uma coisa temos a certeza: não iria desistir de lutar. Tal como dizia: “só é derrotado quem desiste de lutar”, diz.
Paulo Muacho insiste que Soares “não permitiria” que se fizesse política atacando os imigrantes, uma “luta” com que o Livre se compromete: “Por um Portugal democrático e orgulhosamente antifascista”.
Arranca a sessão solene evocativa do centenário de Mário Soares, que completaria um século amanhã, a 7 de dezembro. Todos os partidos vão usar da palavra, tal como o presidente da Assembleia da República e o Presidente da República, que encerra a sessão.
Acompanhe ao minuto.
“Hoje, perante algumas centenas de políticos com pouca vontade de alterar as alterações climáticas, convém lembrar as palavras de Mário Soares”, diz. Na primeira vez que Sousa Real esteve com Mário Soares tinha apenas 12 anos, "com bochechas tal como o antigo Presidente da República".
A deputada recorda o legado de Soares “progressista e humanista” que ainda está por cumprir.
Para o início da sessão, toma a palavra a deputada do PAN, Inês Sousa Real. A deputada fala “na construção do Portugal de Abril” que marcou a vida de Mário Soares, recordando também a mulher, Maria Barroso.
Inês Sousa Real fala do “combate sério” contra o aquecimento global, despertando o país para as questões ambientais, “levando esse tema até às escolas” quando era conotado como de extremistas.
A vida pré e pós-25 de Abril exigia "coragem e determinação", mas estas foram "caraterísticas próprias" reconhecidas em Mário Soares desde cedo: quem o conhecia, descreve-o como um "homem de ideário", um "verdadeiro socialista democrático", mas também "um animal político capaz de travar mil batalhas", graças ao seu "discurso agregador". No fundo, "era mesmo um homem bom".
No dia em que a Assembleia da República assinala o centenário do nascimento de Mário Soares, José Sócrates não está presente. O amigo do antigo presidente da República recusou o convite protocolar do Parlamento porque, diz, "tem um conflito com o Estado português, que é um conflito público e conhecido". "Por isso, não desejo estar em nenhuma cerimónia de Estado enquanto tiver este conflito", adianta, em entrevista à TSF, acrescentando ainda que não quer que a sua presença desvie as atenções do que é essencial nesta cerimónia de homenagem a Mário Soares.
A Assembleia da República evoca esta sexta-feira a figura do histórico dirigente socialista Mário Soares, com o mesmo modelo da sessão que assinalou o 25 de Novembro de 1975, com honras militares e encerrada pelo Presidente da República.
Nesta sessão do centenário de Mário Soares, de acordo com o cerimonial aprovado, a diferença mais relevante é o tratamento protocolar de destaque concedido aos dois filhos - Isabel e João Soares - do antigo Presidente República (1986/1996), fundador e primeiro líder do PS.
De resto, em comparação com a sessão que assinalou a operação militar do 25 de Novembro de 1975, é quase tudo igual. O tempo atribuído aos discursos dos representantes dos grupos parlamentares é o mesmo, cinco minutos e trinta segundos, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, usa da palavra imediatamente antes de Marcelo Rebelo de Sousa, e o hino nacional será tocado por duas vezes, na abertura e no fim da cerimónia.
Na sexta-feira, a Guarda de Honra, constituída por um Batalhão da Guarda Nacional Republicana, com Estandarte Nacional, banda e fanfarra, vai estar postada no passeio fronteiro à Assembleia da República a partir das 09h45.
Além dos titulares dos diferentes órgãos de soberania, foram convidados para a sessão representantes do corpo diplomático em Portugal, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a provedora de Justiça, os chefes dos ramos das Forças Armadas, os representantes da República para as regiões autónomas dos Açores e da Madeira, os presidentes das assembleias legislativas e dos governos regionais açoriano e madeirense, entre outros responsáveis de entidades.
Em destaque, estarão também figuras como os conselheiros de Estado, responsáveis pelos serviços e forças de segurança, assim como os presidentes do Conselho Económico e Social, da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, da Associação Nacional de Freguesias, e o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.
No fim da cerimónia, a banda da GNR, formada nos Passos Perdidos, executa o Hino Nacional, e o Presidente da República, acompanhado pelo presidente da Assembleia da República, abandona a Sala das Sessões.
Mário Soares, que este sábado faria 100 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história contemporânea portuguesa, sendo fundador do PS após combater o regime do Estado Novo.
