Ouvido no Fórum TSF, José Palmeira, professor de Ciência Política da Universidade do Minho, apresenta um cenário em que a comunicação social recusa receber outro representante para o debate eleitoral que não um candidato a primeiro-ministro para avisar que a "cadeira" de Luís Montenegro corre o risco de ficar "vazia"
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O primeiro-ministro criou um "problema desnecessário" quando indicou o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, parceiro de coligação, para debater com BE, Livre e PAN. Esta decisão em prol da defesa da intervenção de "todos os parceiros com representação parlamentar" vai acarretar "custos políticos".
Ouvido no Fórum TSF, André Azevedo Alves, professor do Instituo de Estudos Políticos da Universidade Católica, critica a postura de Luís Montenegro, que acabou a criar um "problema desnecessário" num país em que a tradição sempre se pautou por debates "entre as lideranças dos partidos e entre quem se apresenta potencialmente como candidato a primeiro-ministro".
Em causa está o anúncio do chefe de Governo em gestão, que admitiu ir a debate somente com os líderes do PS, Chega, Iniciativa Liberal e PCP e indicou Nuno Melo para debater com BE, Livre e PAN. Perante a polémica instaurada, o professor refere que, "qualquer" que seja a solução encontrada pelos sociais-democratas para 'descalçarem esta bota', é certo que haverá "custos políticos". Tanto a campanha da AD como a de Luís Montenegro sairão fragilizadas.
"Se Luís Montenegro voltar atrás, ficará, ainda assim, com a mancha de ter tentado evitar esses debates e depois de ter voltado atrás. Se insistir, e com base no argumento de o CDS ter representação parlamentar para se furtar a alguns debates, ficará certamente a imagem disso mesmo: que procurou evitar debates, como procurou evitar a comissão parlamentar de inquérito", assinala.
José Palmeira, professor de Ciência Política da Universidade do Minho, também fala em "entropias" que terão impactos "negativos", sobretudo porque a discussão sobre se a AD deve ou não "apresentar-se com essa designação" pelo facto de o Partido Popular Monárquico ficar de fora acontece "muito em cima das eleições".
"Não há tempo para normalizar determinados aspetos", sublinha e, por isso, José Palmeira afirma que é "preferível" que quem "aparentemente parta em vantagem" não crie "problemas" que possam afetar a campanha eleitoral.
"Pode não tirar muitos votos, mas esses poucos votos que podem ser retirados, poderão afetar um determinado resultado", alerta.
Já sobre o repto lançado pelo porta-voz do Livre, Rui Tavares, que desafiou na TSF os partidos políticos a "recusarem" ir a debate com alguém que não seja candidato a primeiro-ministro, o professor admite que esta situação também pode contribuir para "fragilizar" a imagem da AD.
"Há várias coisas que podem contribuir [para essa fragilização]. Por exemplo, as televisões e rádios manterem as entrevistas e Luís Montenegro não aparece e estar a cadeira vazia e ser uma entrevista ao opositor. Há várias maneiras de afetar a imagem de Luís Montenegro, caso ele persista em não participar nos debates", argumenta, apresentando como hipótese um cenário em que a comunicação social recusa receber outro representante para o debate eleitoral que não um candidato a primeiro-ministro.
