Ucrânia: Borrell pede fim das restrições para “uso total” de armas ocidentais contra bases russas
Os ministros dos Negócios Estrangeiros reúnem-se, esta quinta-feira, em Bruxelas, para discutir a situação atual na Ucrânia e na Venezuela
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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou, esta quinta-feira, aos governos europeus para que levantem as restrições à utilização de armas ocidentais pela Ucrânia para atingir alvos militares em território russo. Caso contrário, se não puderem atingir as bases de onde as tropas russas atacam a Ucrânia, considera que as armas enviadas para Kiev não têm utilidade.
“O armamento que estamos a fornecer à Ucrânia tem de ter uso total. E as restrições têm de ser levantadas, para dar aos ucranianos a capacidade de alvejar os locais de onde a Rússia os está a bombardear. Caso contrário, o armamento é inútil”, afirmou Borrell.
Os ministros reúnem-se em Bruxelas, num encontro que conta com a presença do ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, que está em Bruxelas para apelar a decisões rápidas por parte dos 27. Kuleba espera sensibilizar os 27 para o argumento de Kiev.
“Uma das questões pendentes na nossa agenda é a autorização para a Ucrânia atacar alvos militares legítimos, e enfatizo legítimos, no território da Rússia”, afirmou Dmytro Kuleba, argumentando que se trata de “bases de onde a Rússia lança os seus bombardeiros, bombardeiros estratégicos e bombardeiros táticos, para atacar as forças ucranianas e infraestruturas civis ucranianas”.
Kuleba espera, da parte da União Europeia, decisões rápidas. “O sucesso da Rússia depende de uma coisa: da preparação dos nossos parceiros para tomarem decisões ousadas. Se as decisões forem tomadas, a Ucrânia é bem-sucedida no terreno”, afirmou.
A médio prazo, o ministro ucraniano espera que a União Europeia seja mais rápida a colocar ajuda no terreno. Neste momento, “entre o anúncio da assistência militar e a entrega real da assistência militar, por vezes, estas lacunas são excessivamente longas”, afirmou, alertando que se trata de “uma desvantagem”.
“Não podemos fazer planeamento militar, não podemos calcular com o que contamos ou não contamos no campo de batalha”, alertou o ministro, sublinhando que os atrasos na entrega de armamento têm custos operacionais que precisam de ser ultrapassados.
“Estas coisas, após dois anos e meio de guerra, deviam funcionar como um relógio suíço, sem quaisquer atrasos, da forma mais eficiente possível”, afirmou.