"Um verdadeiro jogo de azar." Tabuleiro de monopólio em Coimbra alerta para dificuldades dos estudantes universitários, veja as imagens

A Associação Académica de Coimbra (AAC) montou um tabuleiro de monopólio, no chão da Praça da República, num alerta para o custo de vida dos estudantes universitários. Trata-se de uma "crítica satírica de cariz político", que visa sensibilizar alunos, sociedade e Governo.

Da habitação às propinas, os estudantes universitários portugueses vêm-se hoje obrigados a participar num "jogo de azar", que aparece agora espelhado neste tabuleiro gigante. São palavras do presidente da AAC, Renato Daniel, que explica à TSF que o objetivo é mostrar a todos "um retrato da realidade" destes jovens. Baseado nos dados do Observatório para o Alojamento Estudantil, o tabuleiro é idêntico ao de um jogo de monopólio 'normal' em quase tudo, tendo os distritos do país no lugar das típicas propriedades, ordenados por ordem crescente com base nos preços das casas. "As caixas da sorte e da comunidade têm também contas associadas à frequência do ensino superior, como ter de se deslocar à terra natal para visitar um familiar", exemplifica o presidente da associação.

As críticas incidem sobre o mercado de habitação, mas não só. Numa altura em que o Governo pondera descongelar as propinas, Renato Daniel não compreende esta ideia, sobretudo pelo momento em que ocorre. "Não podemos falar em aumentar as propinas do ensino superior numa fase em que os custos aumentam. Não podemos construir mais barreiras à frequência do ensino superior", critica o presidente da AAC.

Além deste tabuleiro, os estudantes garantem que também já fizeram chegar estas críticas ao Ministério da Educação, numa carta enviada ao ministro Fernando Alexandre. Nela deixam ainda duas recomendações para mitigar as dificuldades financeiras dos estudantes: o cumprimento do Plano Nacional para os Estudantes do Ensino Superior (PNAES) e a requalificação de edifícios devolutos, nomeadamente no município de Coimbra. "É sabido que há verbas do Plano de Recuperação e Resiliência que estão a ser alocadas ao PNAES, mas é necessário ir mais além, com uma articulação entre os ministérios e os municípios, de forma a identificar estes edifícios, requalificá-los e colocá-los em oferta pública ou privada, mas com preços acessíveis", elabora Renato Daniel.

O tabuleiro de monopólio em formato gigante vai estar montado na Praça da República, em Coimbra, até sexta-feira, à margem da semana de integração dos novos estudantes universitários, que começam agora um novo ano letivo.