Pela paz, Ucrânia está "pronta para colaborar" com Trump. Ceder à Rússia é "espezinhar" direito internacional
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A embaixadora da Ucrânia em Portugal assegura que Kiev está "pronta para colaborar" com a administração Trump num compromisso para a paz. Entrevistada pela TSF, Maryna Mykhailenko revela que Zelensky já falou com o Presidente eleito dos Estados Unidos, garantindo que foi uma "boa conversa" — até o felicitou pela "impressionante vitória".
Rejeita, contudo, comentar o plano do político republicano para acabar com a guerra e um possível corte no financiamento norte-americano à Ucrânia.
No que diz respeito às concessões, elas não iriam conduzir à paz, mostrariam apenas que a ordem internacional acabou. Ou seja, se a Rússia pode ditar a um país soberano o que fazer, por exemplo, não aderir à NATO, significa que o princípio fundamental do direito internacional, a autodeterminação das nações, o direito legal dos povos a decidirem o seu próprio destino, seria espezinhado. Isto teria consequências de longo alcance, tanto para a Europa como para o mundo.
Já questionada sobre o que a Ucrânia espera da Europa, caso exista mesmo um corte no financiamento norte-americano, a diplomata lembra que a solidariedade ocidental é "fundamental para o sucesso contra a agressão russa". E está "convencida" que tanto a Europa como os Estados Unidos têm "interesse em continuar a apoiar os ucranianos".
O desejo de paz é grande, conta ainda: "Ninguém mais do que a Ucrânia espera que possamos, com os nossos parceiros, empurrar a Rússia para a mesa de negociações."
Porém, o país de Zelensky quer um "plano claro", ao contrário do que aconteceu com o Processo da Normandia, deixando um alerta: "A interrupção da atividade militar não é o fim da guerra."
Sobre Portugal, a embaixadora agradece todo o apoio ao "maravilhoso país" que deu "refúgio" a milhares de ucranianos. "Os nossos filhos vão para a escola e muitos deles começaram a estudar para aprenderem português", assinala.
Estou muito feliz que Portugal tenha sido um dos nossos apoiantes mais fortes, apesar dos quatro mil quilómetros de distância entre Kiev e Lisboa. Dentro das suas próprias capacidades, forneceu-nos um sistema militar, humanitário e económico.
A Ucrânia vai continuar a falar com as autoridades portuguesas "para aumentar a cooperação" entre os dois países, refere também Mykhailenko.
