Ordem dos Médicos alerta para "rutura" do SNS. Bastonário vai reunir-se com clínicos que não escolheram especialidade
O objetivo da reunião é perceber as principais razões que levaram estes médicos a não prosseguir com a especialização no Serviço Nacional de Saúde e preparar um plano para entregar à tutela. À TSF, Carlos Cortes fala numa "situação muito preocupante"
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O bastonário da Ordem dos Médicos vai reunir-se com todos os clínicos que decidiram não ingressar no concurso para o internato médico. Carlos Cortes quer perceber as principais razões que levaram estes médicos a não prosseguir com a especialização no Serviço Nacional de Saúde e preparar um plano para entregar à tutela. Para isso, foi também enviado um questionário a quase 600 médicos. Em declarações à TSF, o bastonário admite muita preocupação.
"A Ordem dos Médicos já enviou um inquérito para esses 600 médicos, são sensivelmente 600 médicos que se candidataram e que não escolheram uma vaga. Nós também já temos uma reunião marcada com esses médicos e iremos pedir imediatamente a seguir uma reunião de urgência com a ministra da Saúde", explica à TSF Carlos Cortes.
O bastonário sublinha que a situação é "muito preocupante", não só o facto de os médicos "não terem escolhido uma especialidade", mas também o impacto que "isto irá ter sobre a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e a sua capacidade de resposta".
"Sem médicos com uma especialidade médica, o Serviço Nacional de Saúde não consegue dar resposta", afirma, salientando que pode mesmo estar em causa a capacidade de resposta básica do Serviço Nacional de Saúde. Carlos Cortes quer respostas imediatas ao problema.
"A Ordem dos Médicos, muito recentemente, entregou à Assembleia da República, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2025, também ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Finanças, um conjunto de propostas em que, muitas delas, sensivelmente mais de dez, tinham a ver com a capacidade de atração e de fixação de médicos para o Serviço Nacional de Saúde. Eu lamento que a Assembleia da República tenha ignorado este contributo da Ordem dos Médicos, mas se nada for feito, podemos ter um SNS nos próximos anos em absoluta rutura, incapaz de responder às situações mais básicas", alerta.
No último concurso para o internato médico, ficaram por ocupar 307 de 2167 vagas em especialidades como Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna, Patologia Clínica ou Saúde Pública. O Alentejo ficou com mais de 50% das vagas por preencher.