O chefe da Igreja Católica morreu aos 88 anos
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Foi o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica, o primeiro papa sul-americano e o primeiro bispo de Roma a presidir ao funeral do antecessor. Natural de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio foi uma figura de destaque no mundo inteiro.
Nasceu na capital argentina no dia 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes piemonteses. Ao longo da vida, nunca se cansou de criticar o neoliberalismo, mas menos firme terá sido na relação com a ditadura argentina.
Os críticos acusam-no de ter retirado a proteção a dois padres jesuítas, numa altura em que ainda não era bispo. A história condena-o por ser alguém muito próximo do poder militar durante a ditadura. Ainda assim, Bergoglio sempre se mostrou ao lado dos que vivem nas margens da sociedade.
Escolheu Lampedusa para a primeira viagem papal. Na pequena ilha italiana, falou aos migrantes que cruzam o Mediterrâneo.
Antes da viagem ao Iraque, o papa já tinha assinado em Abu Dhabi, juntamente com o grande imã da Mesquita Al Azhar, o documento sobre a fraternidade humana. Durante uma escala em Cuba, em fevereiro de 2016, encontrou-se, pela primeira vez, com o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa.
Há quatro anos, no Chile, Francisco enfrentou protestos por desconfiar das acusações de pedofilia contra um bispo. Muitos asseguram que essa viagem marcou um antes e um depois no papado de Bergoglio: um ano depois, demitiu um cardeal norte-americano por corrupção e abusos e, no final da primeira viagem pastoral, falou pela primeira vez da homossexualidade.
Havia de voltar a referir-se ao tema por mais duas vezes e, por isso mesmo, foi eleito personalidade do ano em 2013, pela revista LGBT de Advocate. No entanto, a Igreja continua a negar o casamento de pessoas do mesmo sexo e a ordenação de mulheres também não avançou com Bergoglio.
Francisco presidiu a maior missa da história, nas Filipinas, mas também, talvez, a mais solitária, quando no início da pandemia celebrou a eucaristia sozinho na Praça de São Pedro.
Entre as suas grandes paixões tinha o tango e o futebol. Há estádios com o nome de Francisco e, em Buenos Aires, há mesmo um clube chamado Papa Francisco. E muitos outros lhe pediram a bênção, por questões de fé. O papa tem uma coleção de camisolas capaz de fazer inveja aos mais fervorosos adeptos, mas no Coração de Bergoglio só há espaço para o Clube Atlético São Lourenço del Marco.
O papa Francisco é recordado como um dos líderes da Igreja Católica mais populares e consensuais. No início do ano, numa entrevista de comemoração dos dez anos de pontificado, pediu aos humanos que aprendam a "não ter medo de chorar e de sorrir".
"Quando uma pessoa sabe chorar e sabe rir, é uma pessoa que tem os pés na terra e o olhar no horizonte, no futuro. Quando uma pessoa se esqueceu de chorar, há qualquer coisa que já não funciona, e quando se esqueceu de sorrir, é ainda pior. Não tenham medo de chorar nem de rir", pediu num podcast do Vatican News, o jornal digital do Vaticano.