À TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros considera "irrealista" que a Europa não estará nas negociações de paz
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considera que, de certo modo, a Europa está incluída no plano dos Estados Unidos para acabar com a guerra na Ucrânia.
“A partir do momento que se conta com a contribuição financeira da Europa, com a contribuição para a reconstrução, com a contribuição para a segurança, não é possível desenhar um esquema de paz sem a Europa”, defende Paulo Rangel, em declarações à TSF.
O ministro considera que aquilo que está a ser dado é o “pontapé de saída” para um eventual processo de paz. Esse sim “é dos Estados Unidos”, acrescenta.
"É irrealista pensar que a União Europeia não estará nesta negociação. Não há outra forma.”
Questionado sobre a capacidade europeia para continuar a apoiar a Ucrânia fora do contexto da NATO, Paulo Rangel sublinha que já há “decisões tomadas” e que, no quadro das negociações, podem existir cedências mútuas.
“A Europa tem capacidade. (...) Tem de ter capacidade. De facto, este é um momento geopolítico único, em que a Europa é confrontada com as suas responsabilidades e, portanto, onde o imperativo, digamos, de tomar conta da sua segurança”, defende.
“Não há alternativa. Ou a Europa desenvolve essa capacidade rapidamente, ou evidentemente estará numa situação muito difícil para todos os europeus, em particular para os países mais próximos da Rússia.”
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante este último ano, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano, Joe Biden, no final do seu mandato, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
Trump e Putin conversaram esta semana por telefone sobre a Ucrânia e o lançamento de negociações de paz para pôr fim à guerra, sem ficar de imediato clara a inclusão de Kiev nesse processo e em que termos.