Ameaças, demissões e cadeiras a voar. Novo diretor do Património Cultural lançou o caos em três semanas, Governo pede averiguação
João Soalheiro está a ser alvo de um processo de averiguações depois de a ministra da Cultura ter tido conhecimento do caso através de uma carta anónima
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A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, garante que só soube do caso na terça-feira e anunciou esta quarta-feira que já estão em curso averiguações ao comportamento do novo diretor do Património Cultural. João Soalheiro está a ser acusado de bullying pelos trabalhadores. A denúncia anónima chegou à ministra através de uma carta a que a TSF teve acesso.
Alguns dos trabalhadores daquele instituto público acusam João Soalheiro de desrespeito, intimidação e de ter lançado o caos na gestão depois de demitir verbalmente todas as chefias do património cultural. As demissões aconteceram no primeiro encontro da direção presidida por João Soalheiro e os 50 trabalhadores, que trabalham no Porto e em Vila Real.
A reunião aconteceu no Porto, no início do mês passado, mas mais de 20 dias depois de uma deliberação do conselho diretivo não assinada, o novo diretor manteve todas as chefias intermédias em funções. No entanto, por terem sido demitidos verbalmente, muitos destes trabalhadores já regressaram aos lugares de origem, fazendo com que muitas das chefias já se encontrem noutros locais de trabalho.
Na mesma reunião, João Soalheiro explicou aos trabalhadores qual o tratamento a ser dado aos remetentes e destinatários de e-mail, afirmando que considera inaceitável usar expressões como "boa tarde" ou "caro colega". O novo diretor entende que a forma correta de começar e-mail é com "“Exmo. Senhor Dr/Dra/Arqº" e todos os títulos necessários. A denúncia refere também que, no mesmo encontro, João Soalheiro informou os trabalhadores da intenção de abrir processos disciplinares a quem não respondesse no âmbito das suas funções a qualquer requerimento.
Terá ainda afirmado que iria enviar um e-mail no sentido de ouvir todos os trabalhadores sobre as funções e aspirações de cada um e acrescentou ainda que, após o envio deste e-mail, os trabalhadores não podiam levantar qualquer questão. Uma das trabalhadoras terá questionado acerca do referido e-mail e João Soalheiro, num ato de intimidação, quis saber o nome da trabalhadora e referiu que ficaria registado para "situações de comunicação futuras" como "norma especial de comunicação" entre ela e o diretor.
Por fim, acusou ainda os trabalhadores de falta de boas maneiras.
A carta conclui que, em apenas três semanas, João Soalheiro gerou no instituto um ambiente de caos e revelou um perfil com pouca dignidade para o cargo, tendo chegado ao ponto de atirar cadeiras pelo ar. Perante este cenário, os trabalhadores classificam como "bullying inaceitável" os comportamentos do presidente do Património Cultural.