Assange "deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho"
Corpo do artigo
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, aceitou declarar-se culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais, num acordo com a justiça dos EUA, e já saiu da prisão, disse o portal esta terça-feira.
Assange "deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho", foi libertado no aeroporto de Stansted, em Londres, "onde embarcou num avião e partiu do Reino Unido", tendo a Austrália como destino final, disse o Wikileaks.
O portal disse na rede social X (antigo Twitter) que a libertação resulta de "uma campanha global" que "criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado".
"Não é uma grande vitória da liberdade de expressão, mas é também uma vitória no sentido em que, finalmente, é aceite que ele não seja sujeito a julgamento, embora ele aceite a culpa e há uma sentença e não há um reconhecimento dos Estados Unidos de qualquer legitimidade quanto àquilo que ele fez. Portanto, o enquadramento que tem sido dado por quem defende o Julian Assange e por próprio de que atuou no âmbito da sua liberdade de expressão e do direito à informação não foi validado neste acordo, mas está subjacente, porque se não houvesse toda essa argumentação e toda essa realidade o acordo também não seria feito", sublinha o advogado Francisco Teixeira da Mota à TSF.
Teixeira da Mota considera ainda a libertação do ativista australiano uma "boa notícia, em termos de direitos humanos", já que "era necessário acabar com este impasse que se prolongava há muito tempo e com uma enorme violência sobre Julian Assange".
"Não será a melhor [notícia] de todas, mas também é preciso dizer que a questão da intervenção do Julian Assange em termos mundiais, em termos das revelações que fez, teve aspetos muito positivos, mas também teve aspetos muito contestáveis", refere igualmente.
Assange deverá comparecer na quarta-feira perante um tribunal federal das Ilhas Marianas, um território norte-americano no Oceano Pacífico, de acordo com documentos judiciais apresentados na segunda-feira à noite.
O fundador do Wikileaks vai declarar-se culpado de crime de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais da defesa nacional dos Estados Unidos, confissão que terá de ser aprovada por um juiz.
Cidadão australiano de 52 anos, Julian Assange poderá então regressar à Austrália. Ainda antes do anúncio da libertação, um porta-voz do Governo australiano defendeu que o caso do fundador do Wikileaks "arrastou-se por muito tempo e não há nada a ganhar com o prolongamento da detenção".
Assange estava detido em Belmarsh, no leste da capital britânica desde 2019, altura em que foi detido, após sete anos de reclusão na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação.
Desde então que os EUA tentavam a extradição de Assange, acusado de 18 crimes de espionagem e de intrusão informática pela divulgação no portal WikiLeaks de documentos confidenciais, que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.
Washington queria julgar Assange pela divulgação de mais de 700 mil documentos secretos e estava acusado pelas autoridades norte-americanas ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, enfrentando uma possível pena de até 175 anos de prisão.
Em 20 de maio, o Tribunal Superior de Londres tinha autorizado Assange a recorrer da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos da América.
