A denúncia partiu de um cirurgião norte-americano e já foi confirmada por, pelo menos, mais de 20 clínicos
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Mark Perlmutter, um cirurgião ortopédico da Carolina do Norte (Estados Unidos da América) esteve em Gaza pela primeira vez durante algumas semanas no final de abril e início de maio. Era mais uma missão a juntar às 40 que já tinha realizado, entre elas missões para acudir a locais atingidos por terramotos, o 11 de Setembro e guerras. Contudo, nada o preparou para o que se passa no território palestiniano.
O médico que há 30 anos presta ajuda humanitária em várias partes do mundo garante que nunca viu nada assim: "Tudo o que vi não se equipara à carnificina contra civis a que assisti em Gaza. Isto só na primeira semana em que lá estive. A maioria das vítimas são crianças, nunca vi nada assim. Nunca tinha visto tantas crianças incineradas. Nunca tinha visto tantas crianças desfeitas por bombardeamentos ou esmagadas por prédios. Crianças às quais faltavam parte dos corpos."
À CBS, o cirurgião confessou que a situação é esmagadora e há situações mais graves, em particular crianças atingidas por snipers israelitas: "Tenho crianças que foram atingidas duas vezes. Tenho duas crianças, das quais tenho fotografias, que foram atingidas de forma tão perfeita no peito, que não consegui colocar o meu estetoscópio sobre o seu coração com mais precisão, e atingidas diretamente no lado da cabeça. Nenhuma criança é alvejada duas vezes por engano. São tiros certeiros."
Mark Perlmutter fala em duas crianças, mas há, pelo menos, mais 20 médicos que estiveram recentemente em Gaza e que denunciam a mesma situação. Uma deles é Tanya Haj-Hassan, uma pediatra com dupla nacionalidade (americana e jordana). No X (antigo Twitter), garante que se não tivesse visto não acreditaria. Viu crianças atingidas duas vezes por atiradores. "Execuções sumárias" é como lhes chama.
Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios ocupados, vai mais longe e diz mesmo que é "genocídio".