BE aperta cerco a Ana Paula Martins e fala em “rede de interesses privados” no Ministério da Saúde
Mariana Mortágua pede a demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, depois da saída do diretor-executivo do SNS
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O Bloco de Esquerda aperta o cerco à ministra da Saúde e pede a demissão de Ana Paula Martins. A coordenadora do partido, Mariana Mortágua, acusa o atual Governo de ter instalado uma “rede de interesses no Ministério da Saúde”. Mortágua dá o exemplo de Eurico Castro Alves, que liderava o Plano de Emergência da Saúde, e Gandra D'Almeida, diretor-executivo demissionário do SNS.
No Barreiro, num almoço com militantes, Mariana Mortágua levou uma lista com vários nomes. Todos nomeados para cargos de relevo, como a Direção Executiva do SNS ou a gestão das urgências, e com ligação à delegação norte da Ordem dos Médicos.
“Tudo começa com Eurico Castro Alves, que foi cabeça de lista à delegação norte da Ordem dos Médicos, e foi depois nomeado pela ministra para ser o coordenador do Plano de Emergência da Saúde. A seguir vem Ana Povo, também da mesma lista da Ordem dos Médicos, ela própria a secretária de Estado da Saúde. E também Gandra D'Almeida, da Ordem dos Médicos do Norte, que foi o CEO da Saúde”, enumera.
A lista é vasta e Mariana Mortágua fala também de Caldas Afonso, nomeado para gerir a reorganização das urgências obstétricas e António Maia Gonçalves, nomeado recentemente, que vai gerir o plano de ação para o envelhecimento ativo.
Uma vasta equipa, que para Mariana Mortágua tem dois problemas: “O primeiro é a sua incompetência, é uma equipa incompetente; o segundo problema é que é uma equipa que está infiltrada com interesses privados e interesses corporativos.”
São disso exemplo, de acordo com a coordenadora do Bloco, as empresas criadas por Gandra D'Almeida, alegadamente, para acumular cargos incompatíveis por lei. Mas também as empresas de Eurico Castro Alves, que trabalham com hospitais privados.
Tanto Gandra D'Almeida como Eurico Castro Alves já se demitiram dos cargos públicos para o qual tinham sido nomeados, mas Mariana Mortágua quer mais: diz que falta a ministra Ana Paula Martins.
“Falta cair a responsável por ter instalado uma rede de interesses privados e corporativos dentro do Ministério da Saúde. O Governo quer privatizar a Saúde, tem um plano, mas tem um problema, a equipa que escolheu para privatizar a Saúde não se aguenta, caem uns atrás dos outros, porque é uma agência de liquidação que está mergulhada em conflitos de interesses.”
O Bloco tudo fará “para que todos caiam”, avisa Mariana Mortágua, que deixa ainda o recado ao Governo que “o SNS é do povo, não é para saquear ou destruir”. O partido já marcou um debate no Parlamento para 6 de fevereiro e pede a presença da governante para responder à alegada “teia de interesses”.